Por editores do Blog
Maria deu à luz um Filho único. Assim como ele é Filho único
de seu Pai nos céus, é também Filho único de sua mãe na Terra. Ora, essa única
Virgem Mãe, que possui a glória de ter dado à luz o Filho único de Deus Pai,
abraça este mesmo Filho em todos os seus membros. Não se envergonha de ser
chamada mãe de todos aqueles nos quais vê a Cristo já formado ou em formação.
A antiga Eva, que deixou aos filhos a sentença de morte ainda antes de verem a luz do dia, foi mais madrasta do que mãe. Chamam-na mãe de todos os viventes; mas se verifica, com mais verdade, que ela foi a origem da morte para os que vivem, a mãe dos que morreram, pois o seu ato de gerar não foi outra coisa senão propagar a morte. E já que Eva não correspondeu fielmente ao significado do seu nome, Maria realizou este mistério. Como a Igreja, da qual é figura, Maria é Mãe de todos os que renascem para a vida. Ela é verdadeiramente a mãe da Vida pela qual todos vivem; ao gerar a Vida, de certo modo ela regenerou todos os que hão de viver por ela.
A santa mãe de Cristo, que se reconhece mãe dos cristãos em
virtude desse mistério, mostra-se também sua mãe pelo cuidado e amor que tem
por eles. Não é insensível para com os filhos, como se não fossem seus; suas
entranhas, fecundadas uma só vez mas nunca estéreis, jamais se cansam de dar à
luz frutos de piedade. Se o Apóstolo, servo de Cristo, uma e outra vez dá à luz
filhos pelos seus cuidados e ardente piedade, até Cristo ser formado neles (cf. Gl 4,19), quanto mais a própria
mãe de Cristo! E Paulo, de fato, os gerou, pregando-lhes a palavra da verdade
pela foram regenerados; Maria, porém, gerou-os de modo muito mais divino e
santo, ao dar à luz a própria Palavra. Louvo realmente em São Paulo o
ministério da pregação; porém admiro e venero muito mais em Maria o mistério da
geração.
Observa, agora, se os filhos também não parecem reconhecer a
sua mãe. Impelidos como que por um certo natural afeto de piedade, recorrem
imediatamente à invocação do seu nome em todas as necessidades e perigos, como
crianças no colo da mãe. Por isso, julgo, não sem motivo, que é destes filhos
que o Profeta fala quando faz esta promessa: Os teus filhos habitarão em ti (cf. Sl 101,29). Ressalve-se, no
entanto, a interpretação que atribui principalmente à Igreja esta profecia.
Agora vivemos, na verdade, sob o amparo da mãe do Altíssimo, habitamos
sob a sua proteção e como que à sombra de suas asas. Mais tarde, seremos
acalentados no seu regaço com a participação na sua glória. Então ressoará,
numa só voz, a aclamação dos filhos que se alegram e se congratulam com sua
mãe: Todos juntos a cantar nos alegramos,
pois em ti está a nossa morada (cf. Sl 86,7), santa mãe de Deus!
Fonte: Dos Sermões de São Guerrico, abade, séc. XII, retirado do Breviário, Memória de Santa Maria no Sábado, pág 1534.
MARIA SEMPRE!
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