quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

SANTA INTRANSIGÊNCIA


Por Paulo Eustáquio, membro da SSVM

Coragem, convicção, decisão... intransigência! Palavras que traduzem o verdadeiro espírito de renúncia que deve nortear a vida de alguém que, movido por amor a Cristo, rejeita os apelos e seduções do mundo hodierno.

O cristão de reta intenção sabe que não deve confiar em suas próprias forças para absolutamente nada, senão que se deve recomendar inteiramente a Deus em tudo o que empreender. Sabe, igualmente, que em suas ações deve sempre se abster do que é estranho à boa moral e à justa conduta, ainda que associado a pessoas que lhe são afetas e aparentem espírito de piedade.

- Filho, evita as ocasiões de pecado, com a mesma convicção e decisão com que se propõe a evitar o próprio pecado! Semelhante exortação nos fizeram diversos santos da Igreja, como condição para que não ofendêssemos a Deus. 

A alma tíbia, pouco atenta a essa obrigação, se compraz em fazer permutar o espírito entre a vigilância e o relaxamento, permitindo-se caminhar próximo ao pecado como alguém que se coloca à beira de um precipício ou como outro que se entretém em águas próximas a uma fortíssima correnteza. Absurda e odiosa insensatez! Enquanto ri o demônio, alegra-se a alma que assim opera, fazendo pouco caso de evitar, com urgente intrepidez, as ocasiões de pecado. Poderá pedir com justeza "não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!"[1], se despreza ao mesmo Deus a quem roga, expondo-se ao perigo?

Quem ama o perigo nele perecerá (Eclo 3, 27)

Aconselha-nos São Paulo (Fil 2, 12): “Com temor e tremor operai a vossa salvação”. Disto se depreende que aquele que não teme e ousa expor-se às ocasiões perigosas, principalmente quando se trata do pecado impuro, dificilmente se salvará. Segundo Santo Tomás, "a razão disso é que Deus nos abandona no perigo quando a ele nos expomos deliberadamente ou dele não nos afastamos." [2]

A misericórdia divina há de ser aplicada em consonância com a Sua justiça, igualmente infinita. Tal misericórdia é prometida aos que temem a Deus, não aos que abusam dela. Tenhamos sempre em conta essa verdade, bem como a seríssima advertência de Santo Agostinho: "assim como Deus não falta às suas promessas, tampouco faltará a suas ameaças."[3]

Se eu tivesse que dar um conselho aos homens e mulheres de hoje, dir-lhes-ia: sejam intransigentes, meus caros! Tenham sempre uma santa intransigência com tudo o que possa colocá-los em risco de ofender a Deus!

Mater Boni Consilii, ora pro nóbis!


MARIA SEMPRE!



Referências:

1.   Mt 6, 13; Lc 11, 4.

2.   Fuga das ocasiões de pecado: um dos mais graves deveres da vida espiritual. Disponível em: http://www.lepanto.com.br/catolicismo/leitura-espiritual/fuga-das-ocasioes-de-pecado-um-dos-mais-graves-deveres-da-vida-espiritual. Acesso em 20/12/2017.

3.   Deus é misericordioso mas também é justo. Disponível em: http://www.saopiov.org/2013/09/deus-e-misericordioso-mas-tambem-justo.html. Acesso em 26/12/2017.

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