As boas maneiras se formam à sombra dos pais |
Por Dom Tihamer Toth
"A atitude do homem para com seu próximo, bem como as relações sociais, são reguladas por certas convenções exatamente determinadas. Essas convenções sociais formaram-se no correr dos séculos, e ninguém tem o direito de subtrair-se a elas. Algumas devem sua origem a motivos religiosos; outras procedem do desejo de salvaguardar o bom entendimento entre os homens; e se, em aparência, elas só interessam à apresentação exterior, muitas vezes nos ajudam a observar as leis essenciais da moral.
Estas considerações são razões suficientes para observarmos conscienciosamente as regras da boa educação.
As regras da cortesia outra coisa não são que um convite à prática da caridade; servem para estabelecer entre nós as relações ditadas pela sabedoria e pela moderação. Bem entendido, elas só têm sentido se inspiradas pelo coração, praticadas com sinceridade, sem afetação nem exagero, com facilidade toda natural.
Essas convenções devem regular a nossa vida inteira: atitudes, relações, cartas conversações, jogos, distrações, refeições, trabalhos, comportamento para com nossos pais e superiores, para com as senhoras, etc.
Quem quisesse subtrair-se às convenções da polidez, progressivamente estabelecidas no decurso de longos séculos, a si próprio tornaria impossível a vida no seio duma sociedade civilizada. Por exemplo, se alguém quisesse acolher os seus convivas em traje de dormir, ir à sociedade sem colarinho nem gravata, sair à rua de chinelos, tomá-lo-iam pelo menos por um grosseirão ou maluco, e muita gente, com toda a razão ficaria gravemente chocada.
" Sem o concurso da alma tudo isso é mero verniz" |
Os ingleses e os americanos toam, às vezes, um pouco à ligeira as regras das conveniências. Conta-se que um general americano, por ocasião duma audiência dada pelo Papa, abeiro-se do Santo Padre muito familiarmente com um “How do you do, Sir”. “Como vai, Sr.?” Essa falta de conveniência excede os limites, mesmo para um americano; mas nós outros devemos observar muito mais estritamente ainda as regras da polidez; toda negligência nos é vedada.
Como vês, meu filho, a presença ou ausência das maneiras cultivadas trai-se constantemente pelo teu andar, pelo modo como te sentas, por tua conversa, teus gestos, olhar, riso, por teu comportamento à mesa, na rua, em sociedade, _até mesmo pelo trajar correto e pelas mãos limpas.
Mas a observância das conveniências ainda não é a educação perfeita. Sem o concurso da alma, tudo isso é mero verniz. A verdadeira cortesia brota dum caráter puro e dum coração cheio de bondade. Impossível apropriar-se dela por formas puramente exteriores.
Se as conveniências não se associarem a um caráter íntegro, as exterioridades da polidez podem encobrir até um espertalhão. Muitas vezes, ai! Uma alma corrompida oculta-se por uma roupa elegante e bem assentada; é o fel no açúcar, é o verme na maçã, tão bela aparência. E, se eu tivesse que escolher, certamente preferiria sentar-me à mesa ao lado dum homem de alma pura, mas que _ horribile dictu _ levasse a faca à boca, a me sentar ao lado do cavalheiro de maneiras perfeitas, que come camarões com elegância suprema, mas que não se constrange de subtrair somas alheias.
Nada é mais verdadeiro do que o provérbio: Beleza sem virtude é flor sem perfume. Contrariamente, a mais singela concha pode esconder uma pérola, e o minério mais grosseiro pode conter ouro.
Na realidade, podemos muito bem escapar à necessidade de escolher. Eu quisera ver em todos os jovens não somente uma alma honesta e um caráter de boa têmpera, mas também as maneiras perfeitas dum homem bem educado."
Fonte: Livro O Moço Educado, Parte I, Capítulo 1, pág. de 07 a 09; Editora Vozes, 1960.
MARIA SEMPRE!
Um comentário:
Louvor a DEUS!
Onde se acha este livro que foi retirado o texto..?
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