A estima de São José de Anchieta para com os nativos era mútua |
Por ocasião da data dedicada ao chamado "Apóstolo do Brasil" (09/06), expomos aqui um breve relato acerca deste tão majestoso Jesuíta, que não bastasse a sua reconhecida piedade e empenho na missão catequética, ainda corroborou como um dos pioneiros do desenvolvimento da Literatura e do Teatro no Brasil.
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Gramática Tupi Confeccionada por Anchieta |
São José de Anchieta nasceu na Ilha de Tenerife, uma das Ilhas Canárias pertencente à Espanha, em 19 de março de 1534. Estudou na Universidade de Coimbra (Portugal) em meio à efervescência cultural do século XVI (período da pseudo reforma-protestante e do surgimento do iluminismo). Embarcou rumo ao Brasil em 1553 com apenas 19 anos como missionário jesuíta. Ao desembarcar, passou a dedicar parte do seu tempo a estudar tupi e latim a fim de catequizar os índios e instruir os colonos. Com efeito, possuía grande facilidade com línguas; chegou, inclusive, a confeccionar uma gramática tupi. Dessa forma Anchieta ficava como que intermediador entre os nativos, os demais missionários e a corte, sendo assim quase que um diplomata, o que lhe valia grande estima por parte de todos (algo difícil de se conseguir devido à hostilidade reinante na época entre algumas partes).
Os jesuítas fundaram muitos colégios, o que serviu de base para a evangelização do novo mundo. São José de Anchieta trabalhou lecionando nesses institutos, mesmo quando mero seminarista. De fato, sua ordenação só ocorreria em 1566.
Anchieta valia-se dos seus conhecimentos linguísticos para catequização dos nativos. Escreveu diversos poemas, sermões, cartas, e autos (foi muito influenciado por Gil Vicente e o teatro medieval). Os teatros produzidos por Anchieta tinham o objetivo principal de evangelizar, porém os mesmos eram sempre inseridos em festas e/ou acontecimentos, como, por exemplo, a chegada de oficiais da Ordem. Sendo assim, eram teatros de grande valor estético e artístico.
Devoto de Nossa Senhora, Anchieta possuía muitos dons |
O teatro era escrito e representado em várias línguas (português, espanhol, tupi e latim), além de ser às vezes inseridos elementos das culturas indígenas para que todos que assistissem entendessem a mensagem. Diz-se que o teatro Anchietano tinha estilo otimista, com constante temática do bem contra o mal (benéfica influência medieval) e presença de várias línguas e adaptações de divindades indígenas. A primeira produção teatral de Anchieta se deu por encomenda de seu superior, o Padre Manoel de Nóbrega para os festejos natalinos, foi o “Auto da Pregação Universal” (1561) que seria apresentado repetidas vezes em toda costa brasileira, sofrendo alterações em cada apresentação. Além deste auto, Anchieta escreveu diversas peças: “Auto de São Sebastião” (1584)/ “Diálogo de P. Pero Dias Mártir”(1585)“Auto de São Lourenço” (1587)/”Dia da Assunção”(1590)/”Recebimento do P. Marcos da Costa”(1596)/”Auto de Santa Ursula”(1595)/”O Auto de São Maurício”(1595)/”Na Visitação de Santa Isabel”(1597)... E vários outros.
Mesmo estando em leito de morte, São José de Anchieta ainda escrevia seus autos para atender pedidos da população. Veio a falecer em 09 de junho de 1597, deixando seu legado e sua forte influência para a formação cultural brasileira.
MARIA SEMPRE!
Referências bibliográficas:
-FERRONATO, Pe. Lourenço, EP. José de Anchieta - o Santo que amou o Brasil. 1ª edição: ACNSF.São Paulo. 2011. 32 páginas.
-ANCHIETA, José de. AYALA,Walmir;AZEVEDO FILHO,
Leodegário A. de.O Auto de São
Lourenço. Introdução, tradução e adaptação de Walmir Ayala. 8 ed. Rio
de Janeiro: Ediouro, 1997.(Coleção Prestígio).
- QUEVEDO, Luiz González. Manoel da Nóbrega. O enamorado do Brasil. Coleção Heroes, N. 51. São Paulo: Editora Salesiana, 1988. 52 pgs.
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