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"Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará!" Mt 6,14 |
Por editores do blog
À diferença do ressentimento produzido por certas ofensas, o perdão não é um sentimento. Perdoar não equivale a deixar de sentir. Há quem se considere incapaz de perdoar certos agravos porque não pode eliminar seus efeitos: não pode deixar de experimentar a ferida, nem o ódio, nem o desejo de vingança. Daqui podem derivar complicações no âmbito da consciência moral, especialmente se se tem em conta que Deus espera que perdoemos para que Ele nos perdoe (Mt 6,12).
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Olhai por vós mesmos.E, se teu irmão pecar contra ti,repreende-o,
e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Lc 17,3
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O empregado que foi despedido injustamente da empresa, o cônjuge que sofreu a infidelidade do seu consorte, os pais a quem sequestraram um filho podem decidir perdoar - apesar do sentimento adverso que experimentam necessariamente -, porque o perdão é um ato volitivo e não um ato emocional. Entender esta diferença, entre sentir uma emoção e tomar uma decisão, já é um passo importante para esclarecer o problema.
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Deus que é benevolente para
conosco e é a Sua clemência infinita
que nos dá tudo porque
Ele tudo perdoa. São Pe. Pio
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O perdão é um ato da vontade porque consiste em uma decisão. Qual é o conteúdo desta decisão? O que é decidido quando perdoo? Quando perdoo, opto por cancelar a dívida moral que o outro contraiu comigo ao ofender-me e, portanto, liberto-o enquanto devedor.
Não se trata, evidentemente, de suprimir a ofensa cometida, de eliminá-la e fazer que nunca tenha existido, porque não temos esse poder. Só Deus pode apagar a ação ofensiva e conseguir que o ofensor volte à situação em que se encontrava antes de cometê-la. Mas nós , quando perdoamos realmente, desejaríamos que o outro ficasse completamente eximido da má ação que cometeu. Por isso, “perdoar implica pedir a Deus que perdoe, pois só assim a ofensa é aniquilada” (32).
MARIA SEMPRE!
NOTAS:
(31) - “A vontade, que pode mover o entendimento no seu exercício, pode mover também despoticamente outras potências, especialmente as motrizes: pode dar ordens aos braços e às pernas, comandar a direção do olhar, o movimento da língua, as operações das mãos... Mas não lhe foi dado mover dessa maneira os apetites, sentimentos ou moções sensíveis, os quais gozam de uma certa autonomia. Cabe à vontade, com a ajuda do entendimento, exercer um governo político, persuasivo ou de convencimento sobre as tendências sensíveis do ser humano e a isso tem de circunscrever-se: quando não as pode orientar para o bem, deve transcendê-las, passar por cima delas” (Carlos Llano, Formación de la inteligencia, la voluntad e el carácter, Trillas,México,1983. pág. 142).
(32) - Leonardo Polo, Quién es el hombre?, Rialp, Madrid, 1983, pág. 140.
Fonte:
UGARTE, Francisco. Do ressentimento ao perdão. Trad.: Roberto Vidal da Silva Martins. Editora: Quadrante - 2002.Páginas: 36-38.
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