segunda-feira, 30 de março de 2015

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO


"(...) Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão
 nem neste século nem no século vindouro." (Mt.12,32)

Tomás Afonso Maria

"Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas o pecado contra o Espírito não lhes será perdoado." (Mt.12.31)

O pecado contra o Espírito Santo: pecado que não tem perdão. Muitos, ao ouvirem essas palavras de Cristo ficam angustiados e aflitos. Não é raro pensarem assim: "Como pode existir um pecado sem perdão, já que Deus é infinitamente bom e cheio de misericórdia?" ou " O que é esse pecado imperdoável? Será que eu mesmo o cometi? O que fazer?".

No primeiro momento, é preciso saber que o inferno e a condenação eterna existem; e lembrar que é possível que uma pessoa vá para esse lugar terrível.

Deus é sim, bom e misericordioso. Entender o inferno é compreender que somos seres livres, Deus não nos força a fazer a Sua vontade. Somos livres para dizer "Sim" ao amor e projeto de Deus para a humanidade (tendo consciência de que é a graça Divina que nos conduz) ou de dizer "Não" a esse amor e desígnios Divinos através do pecado.

"Deus não se cansa de perdoar;
nós é que cansamos de pedir perdão."
Logo, pelo pecado, o homem se afasta de Deus. Se alguém manteve a alma distante do Criador durante a vida e não se tenha convertido nem mesmo na hora da morte; não há condições dele estar na glória do paraíso; pois, durante a existência negou ao Senhor através de palavras, obras e omissões. O próprio condenado fez-se condenado. Oportunidade não faltou para que se arrependesse. Após a morte é tarde demais.

O Papa Francisco já dizia: "Deus não se cansa de perdoar; nós é que cansamos de pedir perdão." O Senhor  sempre nos espera para nos perdoar. 

Mas, o pecado contra o Espírito Santo tira do homem a certeza do Amor de Deus. É cometer o mesmo pecado que Satanás cometeu. É achar que de algum modo Deus é mal, que Ele não quer o nosso bem, pensar que eu sou mais bondoso e santo que o próprio Deus. 

No pecado imperdoável existe uma verdadeira rejeição e ódio ao Amor de Deus, que é atribuído ao Espírito Santo.

Segundo Santo Tomás de Aquino para se consumar esse terrível pecado é necessária a pura malícia. Ou seja, se por falta de conhecimento alguém tivesse uma visão deturpada sobre  Deus, então não cometeu esse pecado.

Comete esse pecado aqueles que conhecendo o Amor e bondade de Deus, o rejeitaram e negaram conscientemente. Também sendo necessário constância e obstinação nessas malditas resoluções.

Segundo o mesmo Santo há seis formas de pecar contra o Espírito Santo

 "(...) o pecado contra o Espírito
 não lhes será perdoado." (Mt.12,31)
1º. Desesperação da salvação - Acreditar que Deus não me salvará, achando que os meus pecados são maiores que a misericórdia Divina.

2º. Presunção de se salvar sem merecimento - Pensar que sou tão bom que não preciso de Deus para me salvar. Serei salvo por mim mesmo.

3º. Negar a verdade conhecida como tal - É não querer conhecer os Mandamentos Divinos para assim pecar sem peso na consciência.

4º. Ter inveja das graças que Deus faz a outrem - Invejar o bem e crescimento espiritual que Deus dá a uma pessoa. - Lembre-se por "pura malícia".

5º. Obstinação no pecado - É não querer abandonar o pecado, fazer o propósito de permanecer no pecado. Ex.: Namorados que sabendo da Bondade de Deus e que o sexo fora do casamento é pecado, decidem continuar mantendo relações sexuais.

6º. Impenitência final - Não se arrepender de um pecado, tendo consciência de sua gravidade.

Sabendo disso, o pecado contra o Espírito Santo é algo que devemos temer. Mas, é fundamental que confiemos na Bondade Divina, no seu Amor infinito por cada um de nós. Essa confiança no amor de Deus nos afastará desse terrível pecado.

O arrependimento e o sincero desejo de pedir perdão a Deus pelos pecados cometidos, é um sinal de que não se cometeu o pecado contra o Espírito Santo. 

Peçamos a Maria Santíssima a sua proteção. Pois ao contrário de Satanás, Ela reconheceu o Amor de Deus e o fez transparecer em toda a sua vida . Ao ponto de alguns santos dizerem que Ela "morreu de amor". Ensinai-nos ó Virgem a amar a Deus.


MARIA SEMPRE!

REFERÊNCIA:
“Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão” Veja mais em: http://www.franciscanos.org.br/?p=34139#sthash.Lvgoo70Y.dpuf

quinta-feira, 12 de março de 2015

TESTEMUNHO: A MISSA TRIDENTINA!


Santa Missa Tridentina celebrada pelo Mons. Alencar

Por editores do Blog 

A Santa Missa Tridentina em Montes Claros, norte de Minas Gerais, já possui mais de dois anos e meio de retorno à nossa cidade (graças ao  Motu Proprio Summorum Pontifincum, de Bento XVI). A página oficial no facebook Missa Tridentina em Montes Claros - MG  está colhendo testemunhos e relatos de fiéis que tem frequentado o Santo Sacrifício durante esse período.

Segue o testemunho do montesclarense sr. João Soares de Oliveira Junior:

Sou católico, pela graça de Deus, há mais de trinta e um anos, quando fui batizado. Há pouco mais de treze anos, passei a participar com assiduidade na Igreja. Recebi o Crisma e posteriormente vim a conhecer o amor de Cristo que se faz presente também nos sacramentos, como, por exemplo, na Confissão e sobretudo na Santa Eucaristia. Então, o valor da Santa Missa manifestou-se para mim de um modo todo particular.

Fiz muitos amigos (irmãos na fé) em vários grupos, comunidades e pastorais pelas paróquias de minha cidade nesse tempo. Mas, em especial, me identifiquei profundamente com a Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM, traçando comigo o caminho de -embora sendo um leigo - amar sempre mais a Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo, sua doutrina, Tradição e Magistério. Não posso deixar de mencionar minha consagração total à Virgem Santíssima (pelo Método de São Luiz de Montfort) a quem devo todos os meus méritos, caso tenha algum.

E conhecendo amigos ora aqui ora ali, pudemos nos unir em prol da Missa Tridentina, ou famosa "Missa de São Pio V", da qual tanto ouvira falar, mas que não conhecia de fato. Antes, só ouvira dizer pela boca dos mais antigos, através de documentos e escritos de santos ou por vídeos na internet. Com a Missa Tridentina em Montes Claros-MG, assistindo-a todos os sábados, descobri que é a maior riqueza da Igreja, algo singular.

Neste longo tempo de frequência à Santa Missa pude fazer muitas observações, algumas das quais quero relatar aqui:

 Observei o cuidado com que o sacerdote (independente de quem esteja celebrando) trata o Altar como também trata o Corpo de Cristo durante e após a Consagração;

 Percebi a maravilha e riqueza do silêncio no momento do culto a Deus. Pelo rito, notei que tenho que me reconhecer pecador antes de me aproximar do Senhor.

 Vi que o Latim não é empecilho para os fiéis compreenderem o que está acontecendo durante a Santa Missa. E acompanhando aos poucos, aprendi que a língua mãe é uma maravilha que não pode ser deixada de lado  e que mesmo o documento Sacrosanctum Concilium incentivou o uso dela. Uma pena que não é obedecido. O latim manifesta universalidade e precisão, trazendo a unidade de diversos povos num idioma, como que várias gentes professando o Credo por uma única boca, parafraseando santo Irineu de Lion. Isto é próprio da Igreja Católica.

 Lendo o ordinário para acompanhar a Santa Missa (com tradução para o português), aprendi um pouco mais como é riquíssima a nossa Igreja. A perfeição com que ela nos séculos fez o rito romano tão de acordo com sua doutrina. Lex orandi lex credendi.

 Vi pessoas, muito humildes, se encontrando com Deus e ouvi muitos de seus testemunhos.

Vi tantos outros procurarem o padre após a Santa Missa Tridentina, para se confessarem. Pessoas que poucas vezes vemos nas igrejas. Ou seja, testemunhos de conversão e encanto ao se depararem com o Sagrado sendo tratado como Sagrado.

 Vi fiéis darem, por conta própria, mais atenção ao Cristo na Eucaristia. Pois a Santa Missa terminava, as obrigações diárias chamavam, mas a maioria deles permaneciam mais tempo em Ação de Graças após a Comunhão. Percebi que ali a fé deles ficava mais sólida após o Santo Sacrifício, o que certamente influencia de modo positivo no dia a dia deles como cristãos-católicos.

Testemunha recebendo o Corpo de Cristo
  pelas mãos do Pe. Henrique Mugnaz

Fico pensando, se este pecador enxergou tudo isso...

Imaginemos quantas graças sobrenaturais esta celebração tem feito à nossa Cidade?! Posso dizer convictamente: valeu e vale a pena cada Quilômetro rodado para ir a Santa Missa! Durante quatro anos trabalhei residindo em Januária-MG (167 km de Montes Claros) e a Missa Tridentina me fez vir todos os dias em que ela estava agendada.Viajaria tudo de novo.


MARIA SEMPRE!


João Soares de Oliveira Junior, RG: MG-12.961.397, Diretor Presidente da SSVM e Servidor Público Federal, residente no bairro Sagrada Família.

domingo, 1 de março de 2015

A QUARESMA, ANTÃO E O SAPATEIRO...


Santo Antão (251-356)

Postado por editor do blog


Caríssimo leitor, a Quaresma é um tempo propício para piedosas reflexões. Perguntamos: o senhor aceitaria ser condenado eternamente ao inferno para salvar a alma de algum pecador, caso isso fosse possível? Aceitaria ser privado do céu para que outros (como Hitler, Mao Tse Tung, ou Lênin) pudessem gozá-lo em seu lugar? 

Antes, porém, de refletirmos sobre tal assunto na hagiografia de Santo Antão, recordemo-nos que, de acordo com a doutrina católica é justo amar o pecador enquanto pessoa humana e odiá-lo enquanto fautor da iniquidade. Dito de outro modo, é correto e santo odiar o erro por ele perpetrado.

Citemos algumas palavras de Santo Tomás de Aquino:

Lenin (1870 -1924), por exemplo, causou inúmeros
 assassinatos e tornou-se um símbolo de crueldade.
“(...) se pode considerar nos pecadores dois aspectos: a natureza e a culpa. Segundo a natureza que receberam de Deus, são capazes de adquirir a bem-aventurança, (...) portanto, segundo sua natureza, os pecadores devem ser amados . Porém, sua culpa desagrada a Deus, e constitui impedimento para a beatitude. De onde, em razão de sua culpa, que os torna inimigos de Deus, devem ser odiados quaisquer pecadores, ainda que sejam pai, mãe, ou parentes (...) Devemos com efeito odiar nos pecadores o fato de que são pecadores, e amar neles o fato de que são homens (...)”[1]

Dito isso, segue abaixo interessante texto para auxiliar-nos na reflexão.


Santo Antão suplicara ao Senhor que lhe mostrasse quem era igual a ele em santidade. Deus o fizera compreender que não atingira a medida de certo sapateiro de Alexandria. Deste modo, Antão deixou o deserto, foi à casa do sapateiro e perguntou-lhe como vivia. Este respondeu-lhe que dava um terço de seus proventos à Igreja, outro terço aos pobres, e guardava o restante para si. Ora, esta obra não pareceu extraordinária a Antão que havia abandonado todos os seus bens e vivia no deserto em completa pobreza. A superioridade do sapateiro, portanto, não consistia no que havia sido dito. Ao que Antão lhe disse: “Foi o Senhor que me mandou, para ver como vives.” O humilde artesão que venerava Antão confiou-lhe pois o segredo de sua alma: “Não faço nada de especial. Somente, quando estou trabalhando, olho para todos os passantes e digo: que todos sejam salvos, ó Senhor; só eu perecerei.”[2]


MARIA SEMPRE!


[1] Santo Tomás de Aquino - Suma Teológica, IIa. IIae., a. 6 
[2] CLÉMENT, Olivier. Os Místicos Cristãos dos Primeiros Séculos. Textos e comentários. Juiz de Fora: Edições Subiaco, 2003; p. 275. (este livro possui ótimas citações de autores antigos, porém cremos, Olivier Clément não é feliz em algumas das suas reflexões.)