sábado, 29 de março de 2014

APONTAMENTOS SOBRE O PAPADO Parte I

Mosaico retratando Jesus entregando a Chave da Igreja para  São Pedro
 junto Cúpula da Basílica São Pedro na Cidade do Vaticano - Roma - Itália
“O poder é dado a Pedro de modo singular, porque a sua dignidade é superior à de todos os que governam a Igreja.” (São leão Magno, Sec. V)

Prof. Pedro Maria da Cruz

É urgente a defesa do papado; sublime instituição formada por Nosso Senhor Jesus Cristo! Com efeito, o mundo hodierno (sempre mais relativista, secularizado e materialista) tende a desacreditar todo e qualquer arauto da realidade sobrenatural; quanto mais ao “Trono de São Pedro” em cujo campo gravitacional foi gerada uma verdadeira e gloriosa civilização de memória indelével e profética.
A sociedade contemporânea, fixada como está no extremo oposto da cristandade medieval, deseja, com a opulência faraônica do seu edifício, sufocar o que resta do teocentrismo católico. Qual o último bastião dos poucos “prédios góticos” que resistem entre escombros? A quem ainda voltam-se esperançosos aqueles que insistem em manter a Fé? Ninguém ignora ser à linhagem dos romanos pontífices; ela em cuja cátedra reina a verdade revelada.

São os sucessores de Pedro quem sustentam o essencial de tudo o que se deve crer; e assim o fazem por ordem de Nosso Senhor, no Pai, e conduzidos pelo Espírito. Ora, sendo deste modo, que louco ousaria colocar-se contra eles? Entretanto, há sempre quem o faça. Reconheçamos a confusão do mundo em que habitamos.

Todavia, mesmo em meio às oposições, muitas vezes cruéis, são os papas quem confirmam nossa fé. São eles quem, apesar de todas as adversidades, repetem com autoridade o que jamais deveria ser esquecido. São eles a rocha firme contra a qual todas as ondas se quebram e grandes navios se arrebentam.
Ali, à sombra de Pedro, encontramos abrigo seguro... Que tremam os inimigos da Igreja!
Taxamos de louco o tempo em que vivemos. Louco o bastante para desferir golpes de ódio contra a coluna e o sustentáculo da verdade. Mas, como não o chamaríamos assim? Afinal, o próprio Deus, quando não Lhe negam a existência, fica relegado a um plano inacessível e termina figurado como uma difusa energia impessoal, esotérica, ou mesmo, um mero antropomorfismo pedagógico-cultural.
Não é verdade que nosso tempo descarta a doutrina da mediação? O homem está entregue a si mesmo; ciência e tecnologia tornaram-se panacéia universal; e, por fim, um humanismo super-otimista acaba por convencer o mundo de que a técnica erguerá na terra um verdadeiro paraíso; onde todas as pessoas poderão viver, quiçá, para sempre...
Qual o papel da religião nesta atmosfera anti-católica? Ela é vista como mais um fenômeno de caráter puramente sociológico. É importante – dizem - desde que libertada de convicções ultrapassadas, obscurantistas, medievais e imperialistas. É preciso que arranquem de si as algemas do Dogma; pois, doutrinas imutáveis impedem a evolução das ideias à luz da ciência. Ela deve aceitar que é um instrumento a mais nas mãos do Estado, e que o Estado é a soma das vontades individuais ou pelo menos da vontade de uma maioria privilegiada.
Perceba o leitor que estamos perante uma visão totalmente intramundana da realidade; nesse contexto nada há de sobrenatural. Tudo se reduz ao cientificamente mensurável e aquilo que parece avançar para além da perspectiva imanente seria fruto de certa ignorância que o futuro – acredita-se –conseguirá inscrever nas dimensões do natural por hora desconhecida em suas fibras mais remotas.
Ou seja, dia virá em que todas as coisas serão explicadas plenamente por nossa inteligência; inclusive Deus...
Ora, o dia em que Deus se limitar às dimensões da racionalidade humana deixará de ser infinito; portanto, Deus... Então, não haverá mais um ser divino? Eis a questão!
É nessa altura do campeonato que a modernidade mostrará seu incrível caráter gnóstico-panteísta com magistral habilidade: Sim, há “deus”; porém, ele não está para além desse mundo, mas, de algum modo se confunde com a matéria; semelhante, digamos assim, à criança em gestação no útero materno.
A matéria, em certo momento, odiada, é trampolim inconsciente para a descoberta de si por parte do indivíduo; depois, essa mesma matéria, agora supervalorizada, é o laboratório de um espírito divinizado que transforma em ouro tudo o que toca. Ambos os processos - um pessimista, outro otimista - não se dão necessariamente na mesma ordem nem se privam de voltar e “re-voltar”, o quando seja possível ou conveniente, a julgar pelo desenrolar dos fatos.
É esse o esquema geral dos inimigos de Pedro: negam-lhe a origem divina por defender uma diferença essencial entre criador e criatura; para, finalmente, declararem-se a si mesmos “deuses” e senhores do trono de toda verdade. Dizendo de outro modo: armam-se contra Pedro; entretanto, seu objetivo não é destruir sua Cátedra, mas sentar-se orgulhosamente sobre ela.
Perguntemo-nos: o que é tudo isso que descrevemos de modo geral e incipiente com referência ao nosso tempo? É o Agnosticismo que avança impetuosa e inconfessadamente em meio aos homens arrastando-os a mais triste solidão, angústia e infelicidade. A negação do papado em sua realidade querida por Cristo só manifesta a ponta das garras de certo ateísmo prático escondido na maciez enganadora da pseudo-intelectualidade e ilustração que hoje é ovacionada. A negação do Trono de Pedro é semelhante à grande ferida, podre e fétida, que surge em um corpo doente desde muito, mas que infelizmente não foi tratado.
Após essa breve introdução, convidamos nossos leitores a estudar conosco os traços do papado presente na figura de Simão Pedro. As informações que tiraremos da Sagrada Escritura muito nos ajudarão a vislumbrar um pouco mais a grandeza vocacional dos papas, assim como o respeito e veneração a que nos convida. Que Nossa Senhora do Bom Conselho, infunda em nossos corações por sua intercessão o devido amor pela Cátedra de São Pedro, assim como por todos os seus sucessores.
Santíssima Virgem Maria, rogai por nós!

Referência Bibliográfica
DELLEGRAVE, Geraldo E. O papado é instituição divina. São Paulo: Loyola, 1986.
CRUZ, Prof. Pedro M. A verdadeira Igreja de Cristo. SSVM. 

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