quarta-feira, 23 de abril de 2014

APONTAMENTOS SOBRE O PAPADO - Parte II

  
“Dentre todos os homens do mundo, Pedro foi o único escolhido para estar à frente de todos os povos chamados à fé.” (São Leão Magno, Séc.V)

Prof. Pedro Maria da Cruz

São Pedro recebe as chaves do Reino dos Céus
A fim de compreendermos a importância do papado, olhemos para as Escrituras e, na figura de São Pedro - primeiro papa - aprendamos a grandeza e a centralidade dessa obra do Espírito Santo. O papado é, com efeito, o ponto central que (em Cristo e por Sua virtude), atrai a si todas as coisas mantendo-as suspensas em sua luz, para, com influxo sobrenatural, estabelecer de fato a ordem predestinada por Deus desde toda a eternidade.

O “Trono de Pedro” é, deste modo, a mão visível do divino Salvador atuando sobre o mundo. O perpétuo fundamento da unidade (Lumen Gentium, 18) é finalmente, o meio supremo utilizado por Deus para fazer cumprir Sua vontade sobre a terra.

Olhemos para São Pedro! Nele podemos admirar o protótipo de todos os Vigários de Cristo. Mas, será que esse humilde pescador possuía mesmo toda a grandeza que professamos? Foi ele, de fato, o primeiro líder da Igreja universal?

Sim, por graça de Deus...

Quem negará a primazia conferida a Pedro no grupo dos doze? Ele aparece sempre em primeiro lugar, o primaz, por ser o príncipe dos apóstolos (Mt. 10,2-4; Mc. 3,16-19; Lc.6,13-16; At.1,13). O termo grego PRÓTOS, traduzido na Bíblia por “primeiro”, refere-se também à posição de honra, excelência e dignidade; para além da mera designação numérica.

Ademais, é Simão Pedro - o superior - quem fala em nome de todos os Apóstolos como o chefe inconteste (Jo. 6, 69-70; Mt. 15, 16; 19, 27).Isso é tão verdade que ao citar o seu nome alguns autores bíblicos chegam a omitir o nome dos restantes (Mc. 16,7; At. 2,14; 5,29 etc.). É por sua prevalência sobre os apóstolos que Cristo lhe dedica uma atenção especial, por exemplo, ao mudar-lhe o nome para Cefas (Pedra, sobre a qual edificaria a Igreja) ou dirigir-se-lhe com destaque frente aos outros (Mt. 17,27; Mt. 26,37). É a ele, e somente a ele, que Cristo determina a obrigação de confirmar os irmãos na fé (Luc. 22, 31-32), mesmo sabendo que o negaria por três vezes.

É Pedro quem opera o primeiro milagre em confirmação do que se deve crer (At. 3, 7 ss); é ele – e não poderia ser outro - quem determina a eleição de um sucessor para Judas, o traidor (At.1, 15 ss); além do mais “indo por toda parte”  (At.9, 31-32) qual general que passa em revista às suas tropas ,demonstra sua posição de mando em todas as comunidades cristãs. Por sua superioridade no grupo apostólico é que, no Concílio de Jerusalém, após suas palavras, “toda assembleia se calou” (At. 15,12); e, se Tiago falou por último não foi senão para confirmar a decisão que ele manifestara.

É Pedro quem, como chefe da Igreja, por primeiro anuncia a boa nova aos gentios; assim como, anuncia o Evangelho aos judeus na festa de Pentecostes. A ele é dado de modo singular o “poder das chaves” (Mt. 16,19), e só em outro momento Nosso Senhor dirige-se aos demais para falar-lhes sobre o assunto - mas sempre em união com Pedro. “Ninguém, absolutamente ninguém, nenhum ser humano recebeu de Deus tamanha autoridade.” (DELLEGRAVE, pg.34). Sua primazia era, como se pode perceber, evidente para todos “(...) até ao ponto de trazerem para as ruas os enfermos e colocá-los nos leitos para que chegando Pedro, ao menos sua sombra os cobrisse” (At. 5,15). Sim, sua autoridade era de fato evidente. Por exemplo, é ante as palavras de Pedro que Ananias e Safira caem mortos, pois haviam desobedecido ao mandamento de Deus (At. 5, 1-15); assim como, é ele, o grande líder, quem condena Simão, o pérfido  Mago, decidindo quem merece ou não participar do apostolado (At. 8,20-22).

Caríssimo leitor, perante tanta evidência bíblica podemos entender o motivo de todos os sucessores de Pedro na Diocese de Roma (onde morreu assassinado devido a sua fidelidade ao Evangelho), terem sido vistos como os legítimos superiores da Igreja cristã.
Tanto se respeitou os sucessores de Pedro em Roma que até o dia de hoje é guardada como um tesouro a lista de todos os que vieram a ocupar seu lugar naquela Diocese. Vejamos: depois de São Pedro veio Lino; morrendo este, sucedeu-lhe Anacleto; depois Clemente I, Evaristo e Alexandre I; substituindo-os na cátedra de Pedro temos Sisto I, Telésforo, Higino e Pio I; depois, Aniceto, Sotero, Eleutério e Vitor etc., etc., etc., até chegarmos aos dias atuais onde quem está como Bispo de Roma e líder de toda Igreja é S.S. Francisco, que sucede S.S. Bento XVI, após o longo pontificado do Beato João Paulo II.

São Pedro fala como Chefe da Igreja
Quem afirma que o papado não é uma Instituição divina fundada pelo próprio Jesus Cristo ainda nos primórdios do catolicismo, e quem nega que ele teve em Pedro seu primeiro representante, “(...) nunca leu um simples resumo de História Eclesiástica, nunca manuseou os documentos dos primeiros séculos do cristianismo, nunca computou as Atas dos Concílios, nunca examinou as obras dos antigos padres.” (DELLEGRAVE pg. 99). Para citarmos apenas um, vejamos Agostinho de Hipona, respeitado pelo próprio Martinho Lutero um dos fundadores do protestantismo: “Pedro, diz ele, recebeu o primado entre os discípulos: sua sede, Roma, é a mais alta autoridade; quando Roma fala está terminada a causa.” (DELLEGRAVE, pg. 95).

A força dessa frase de Santo Agostinho a ninguém deve assustar, pois os cristãos - já nos séculos segundo e terceiro - afirmavam sem medo, por exemplo, que “Roma preside a comunhão dos fieis” (Séc. II, Bispo Mártir S. Inácio de Antioquia) ou que, “Com esta Igreja (a romana, onde Pedro governava) em razão de sua primazia de poder, todas as outras Igrejas, isto é, os fiéis de todo o universo têm obrigação de se conformar” (Séc. III S. Irineu de Liâo); além do mais, desde o primeiro grande Concilio geral do Cristianismo, ocorrido após o fim das perseguições romanas, até o Vaticano II, são os sucessores de Pedro em Roma quem os convoca e confirma para serem válidos.

Ora, tudo isso não deve causar estranhamento algum, pois o próprio Cristo afirmara a Simão, o humilde pescador: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt. 16, 18). Aqui a origem de toda autoridade desse papa e seus sucessores: o próprio Filho de Deus. Que o mundo respeite ao menos as palavras de Jesus Cristo!
Maria, Mãe da Igreja! Rogai por nós!

Referência Bibliográfica
  • DELLEGRAVE, Geraldo E. O papado é instituição divina. São Paulo: Loyola, 1986.
  • LUTERO, M. Do cativeiro babilônico da Igreja. São Paulo: Martins Fontes.
  • Liturgia das Horas. Vol. III. Festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo.
  • Documentos do Concilio Vaticano II. LG.         



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