São tempos frenéticos de irreverências e superficialidades. Exigem-se frutos de sementes há pouco lançadas. Os meios de comunicação comprovam nossa assertiva.
Somos bombardeados todo o tempo com mil notícias e, na correria das horas, acabamos por olhá-las, quando muito, com rasa reflexão. Turbulências sociais, políticas, econômicas e religiosas são julgadas em breves segundos, como se rápidas passadas de olhos sobre frases de internet bastassem para criar juízos sobre complexas realidades. A televisão, muitas vezes, acaba por dar nesse percurso o golpe de misericórdia, ao substituir no telespectador algum resquício de senso crítico por ideias muito bem orquestradas com o intento de validar aberrações. É, de fato, um processo de bestialização do ser humano.

Na terra sem lei desse mercado de notícias, o primeiro que surge nas mídias com ares de cultura e boa retórica conseguirá nas praças, shoppings e redes sociais inúmeros discípulos, na verdade papagaios, os quais repetirão com ar de intelectualidade, vasta erudição e suposta consciência da realidade tudo o que lograram reter do oráculo, entre mil. Com efeito, há muitos "doutores". Aqui uns dizem isso, acolá o seu oposto, e - atenção - minutos depois já teremos as novas "verdades" desmentindo as que foram incensadas com seus autores. Anexo a tudo isso surgirão montagens de fotos no universo virtual, frases absurdas atribuídas às mais diversas figuras históricas (há pouco tempo lançaram fina ironia: "Não creia em tudo que se vê pela internet." Santo Tomás de Aquino), enfim um verdadeiro mexido de marmita, tudo descendo goela a baixo sem critério e mastigação.
Sim, há muita notícia e pouca reflexão. Basta-nos pensar, por exemplo, que num simples celular há incrível concentração de inteligência superior (e temos que nos perguntar até que ponto somos capazes de organizar mentalmente tudo isso, dada a forma desordenada que nos relacionamos com essa nova modalidade de acesso ao conhecimento), livros outrora inacessíveis ao homem comum, agora, em poucos minutos, podem ser baixados por meio de sites ou estudados com auxílio de excelentes professores, os quais disponibilizam frutos de suas pesquisas em vídeos pela internet. Na palma da mão de nossos jovens, encontram-se imensas bibliotecas, obras de arte magníficas, um universo de erudição e cultura. Porém - uma lástima - eles vagueiam sem rumo, quais macacos de galho em galho ou pisando, sem prudência, por imenso campo minado. A oportunidade que se lhes abriu de elevação humana e intelectual tornou-se para muitos em causa de vícios e desorientação.

Mas, que luzes podemos propor para tal cenário? Haveria algum modo de resolver essa triste situação? Sem dispensar o valioso contributo de ideias que outros já ofereceram, é preciso afirmar a importância de se dar valor ao tempo. Ele peneira os fatos, decanta as informações, equilibra os julgamentos. Com o tempo, novos detalhes sobre notícias vem à tona, frases são refeitas, "erratas" são lançadas. É necessário voltar aos tempos da reflexão, da troca de ideias e pesquisa demorada como método de análise antes das divulgações. Isso é o mínimo! Caso contrário, só faremos coro junto aos bobos que tomam tudo por verdade e tornam-se, desse modo, cada vez menos dignos do título de filhos de Deus.
MARIA SEMPRE!
Nenhum comentário:
Postar um comentário