São João Paulo II (1920-2005) |
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Convidamos nossos leitores a acompanhar abaixo uma interessante reflexão de São João Paulo II, a respeito do gradativo distanciamento ocorrido entre a fé e a razão desde a baixa Idade Média. Cremos que as palavras do papa muito ajudarão a compreender um pouco mais a triste decadência no pensamento hodierno.
CARTA ENCÍCLICA
FIDES ET RATIO
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
CAPÍTULO IV - A RELAÇÃO ENTRE A FÉ E A RAZÃO (45-48)
"Quando surgiram as primeiras universidades, a teologia começou a relacionar-se mais diretamente com outras formas da pesquisa e do saber científico. Santo Alberto Magno e Santo Tomás, embora admitindo uma ligação orgânica entre a filosofia e a teologia, foram os primeiros a reconhecer à filosofia e às ciências a autonomia de que precisavam para se debruçar eficazmente sobre os respectivos campos de investigação. Todavia, a partir da
baixa Idade Média, essa distinção legítima entre os dois conhecimentos transformou-se progressivamente em nefasta separação. Devido ao espírito excessivamente racionalista de alguns pensadores, radicalizaram-se as posições, chegando-se, de facto, a uma filosofia separada e absolutamente autónoma dos conteúdos da fé. Entre as várias consequências de tal separação, sobressai a difidência cada vez mais forte contra a própria razão. Alguns começaram a professar uma desconfiança geral, céptica ou agnóstica, quer para reservar mais espaço à fé, quer para desacreditar qualquer possível referência racional à mesma (...) As radicalizações mais influentes são bem conhecidas e visíveis, sobretudo na história do Ocidente. Não é exagerado afirmar que boa parte do pensamento filosófico moderno se desenvolveu num progressivo afastamento da revelação cristã até chegar explicitamente à contraposição. No século passado, este movimento tocou o seu apogeu. Alguns representantes do idealismo procuraram de diversos modos, transformar a fé e os seus conteúdos, inclusive o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, em estruturas dialéticas racionalmente compreensíveis. Mas a esta concepção, opuseram-se diversas formas de humanismo ateu, elaboradas filosoficamente, que apontaram a fé como prejudicial e alienante para o desenvolvimento pleno do uso da razão. Não tiveram medo de se apresentar como novas religiões, dando base a projetos que desembocaram, no plano político e social, em sistemas totalitários traumáticos para a humanidade.
Fides et Ratio, lançada em 1998 |
Idéias de Marx influenciaram a "Teologia da Libertação" |
Nietzsche, escreveu sobre uma Morte de Deus |
Assim, o dado saliente desta última parte da história da filosofia é a constatação duma progressiva separação entre a fé e a razão filosófica. É verdade que, observando bem, mesmo na reflexão filosófica daqueles que contribuíram para ampliar a distância entre fé e razão, se manifestam às vezes gérmenes preciosos de pensamento que, se aprofundados e desenvolvidos com mente e coração reto, podem fazer descobrir o caminho da verdade. Estes gérmenes de pensamento podem-se encontrar, por exemplo, nas profundas análises
João Paulo II morreu em 2005 aclamado como santo. |
Dado em Roma, junto de S. Pedro, no dia 14 de Setembro
Festa da Exaltação da Santa Cruz - de 1998, vigésimo ano de Pontificado.
FONTE: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jpii_enc_14091998_fides-et-ratio_po.html
2 comentários:
Ótimo texto de São João Paulo II. Denúncia esta ditadura do relativismo que reina no mundo moderno e pós moderno. Que teve início com o surgimento dos primeiros iluminados no final da Idade Média com os Iluministas. Uma pena que o homem não perceba que, a despeito de uma falsa visão da Idade Média, esta separação da Razão e da Fé nos levou progressivamente a uma decadência humana.
In Corde Iesu et Mariæ seper.
Prezado Marlan Alves Santana Batista, obrigado por sua postagem. Que Deus lhe abençoe e ilumine. Maria Sempre!
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