“Dentre
todos os homens do mundo, Pedro foi o único escolhido para estar à frente de
todos os povos chamados à fé.” (São
Leão Magno, Séc.V)
Prof. Pedro Maria da Cruz
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São Pedro recebe as chaves do Reino dos Céus |
A
fim de compreendermos a importância do papado, olhemos para as Escrituras e, na
figura de São Pedro - primeiro papa - aprendamos a grandeza e a centralidade
dessa obra do Espírito Santo. O papado é, com efeito, o ponto central que
(em Cristo e por Sua virtude), atrai a si todas as coisas mantendo-as suspensas
em sua luz, para, com influxo sobrenatural, estabelecer de fato a ordem
predestinada por Deus desde toda a eternidade.
O “Trono de Pedro” é, deste modo, a mão
visível do divino Salvador atuando sobre o mundo. O perpétuo fundamento da
unidade (Lumen Gentium, 18) é finalmente,
o meio supremo utilizado por Deus para fazer cumprir Sua vontade sobre a terra.
Olhemos
para São Pedro! Nele podemos admirar o protótipo de todos os Vigários de
Cristo. Mas, será que esse humilde pescador possuía mesmo toda a grandeza que
professamos? Foi ele, de fato, o primeiro líder da Igreja universal?
Sim,
por graça de Deus...
Quem
negará a primazia conferida a Pedro no grupo dos doze? Ele aparece sempre em
primeiro lugar, o primaz, por ser o príncipe dos apóstolos (Mt. 10,2-4; Mc.
3,16-19; Lc.6,13-16; At.1,13). O termo grego PRÓTOS, traduzido na Bíblia por
“primeiro”, refere-se também à posição de honra, excelência e dignidade; para
além da mera designação numérica.
Ademais,
é Simão Pedro - o superior - quem fala em nome de todos os Apóstolos como o
chefe inconteste (Jo. 6, 69-70; Mt. 15, 16; 19, 27).Isso é tão verdade que ao
citar o seu nome alguns autores bíblicos chegam a omitir o nome dos restantes
(Mc. 16,7; At. 2,14; 5,29 etc.). É por sua prevalência sobre os apóstolos que
Cristo lhe dedica uma atenção especial, por exemplo, ao mudar-lhe o nome para Cefas (Pedra, sobre a qual edificaria a
Igreja) ou dirigir-se-lhe com destaque frente aos outros (Mt. 17,27; Mt.
26,37). É a ele, e somente a ele, que Cristo determina a obrigação de confirmar
os irmãos na fé (Luc. 22, 31-32), mesmo sabendo que o negaria por três vezes.
É
Pedro quem opera o primeiro milagre em confirmação do que se deve crer (At. 3,
7 ss); é ele – e não poderia ser outro - quem determina a eleição de um
sucessor para Judas, o traidor (At.1, 15 ss); além do mais “indo por toda parte” (At.9, 31-32) qual general que passa em
revista às suas tropas ,demonstra sua posição de mando em todas as comunidades
cristãs. Por sua superioridade no grupo apostólico é que, no Concílio de
Jerusalém, após suas palavras, “toda
assembleia se calou” (At. 15,12); e, se Tiago falou por último não foi
senão para confirmar a decisão que ele manifestara.
É
Pedro quem, como chefe da Igreja, por primeiro anuncia a boa nova aos gentios;
assim como, anuncia o Evangelho aos judeus na festa de Pentecostes. A ele é
dado de modo singular o “poder das chaves”
(Mt. 16,19), e só em outro momento Nosso Senhor dirige-se aos demais para
falar-lhes sobre o assunto - mas sempre em união com Pedro. “Ninguém,
absolutamente ninguém, nenhum ser humano recebeu de Deus tamanha autoridade.”
(DELLEGRAVE, pg.34). Sua primazia era, como se pode perceber, evidente para
todos “(...) até ao ponto de trazerem para as ruas os enfermos e colocá-los nos
leitos para que chegando Pedro, ao menos sua sombra os cobrisse” (At. 5,15).
Sim, sua autoridade era de fato evidente. Por exemplo, é ante as palavras de
Pedro que Ananias e Safira caem mortos, pois haviam desobedecido ao mandamento
de Deus (At. 5, 1-15); assim como, é ele, o grande líder, quem condena Simão, o pérfido Mago,
decidindo quem merece ou não participar do apostolado (At. 8,20-22).
Caríssimo
leitor, perante tanta evidência bíblica podemos entender o motivo de todos os
sucessores de Pedro na Diocese de Roma (onde morreu assassinado devido a sua
fidelidade ao Evangelho), terem sido vistos como os legítimos superiores da
Igreja cristã.
Tanto
se respeitou os sucessores de Pedro em Roma que até o dia de hoje é guardada
como um tesouro a lista de todos os que vieram a ocupar seu lugar naquela
Diocese. Vejamos: depois de São Pedro veio Lino; morrendo este, sucedeu-lhe
Anacleto; depois Clemente I, Evaristo e Alexandre I; substituindo-os na cátedra
de Pedro temos Sisto I, Telésforo, Higino e Pio I; depois, Aniceto, Sotero,
Eleutério e Vitor etc., etc., etc., até chegarmos aos dias atuais onde quem
está como Bispo de Roma e líder de toda Igreja é S.S. Francisco, que sucede
S.S. Bento XVI, após o longo pontificado do Beato João Paulo II.
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São Pedro fala como Chefe da Igreja |
Quem
afirma que o papado não é uma Instituição divina fundada pelo próprio Jesus
Cristo ainda nos primórdios do catolicismo, e quem nega que ele teve em Pedro
seu primeiro representante, “(...) nunca leu um simples resumo de História
Eclesiástica, nunca manuseou os documentos dos primeiros séculos do
cristianismo, nunca computou as Atas dos Concílios, nunca examinou as obras dos
antigos padres.” (DELLEGRAVE pg. 99). Para citarmos apenas um, vejamos
Agostinho de Hipona, respeitado pelo próprio Martinho Lutero um dos fundadores
do protestantismo: “Pedro, diz ele, recebeu o primado entre os discípulos: sua
sede, Roma, é a mais alta autoridade; quando
Roma fala está terminada a causa.” (DELLEGRAVE, pg. 95).
A
força dessa frase de Santo Agostinho a ninguém deve assustar, pois os cristãos
- já nos séculos segundo e terceiro - afirmavam sem medo, por exemplo, que
“Roma preside a comunhão dos fieis” (Séc. II, Bispo Mártir S. Inácio de
Antioquia) ou que, “Com esta Igreja (a romana, onde Pedro governava) em razão
de sua primazia de poder, todas as outras Igrejas, isto é, os fiéis de todo o
universo têm obrigação de se conformar” (Séc. III S. Irineu de Liâo); além do
mais, desde o primeiro grande Concilio geral do Cristianismo, ocorrido após o
fim das perseguições romanas, até o Vaticano II, são os sucessores de Pedro em
Roma quem os convoca e confirma para serem válidos.
Ora,
tudo isso não deve causar estranhamento algum, pois o próprio Cristo afirmara a
Simão, o humilde pescador: “Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt. 16, 18). Aqui a origem
de toda autoridade desse papa e seus sucessores: o próprio Filho de Deus. Que o
mundo respeite ao menos as palavras de Jesus Cristo!
Maria, Mãe da Igreja! Rogai por nós!
Referência
Bibliográfica
- DELLEGRAVE,
Geraldo E. O papado é instituição divina.
São Paulo: Loyola, 1986.
- LUTERO,
M. Do cativeiro babilônico da Igreja.
São Paulo: Martins Fontes.
- Liturgia
das Horas. Vol. III. Festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo.
- Documentos
do Concilio Vaticano II. LG.