São Luís Maria Grignion de Montfort |
Prof. Pedro Maria da Cruz
“Escravidão”? Que absurdo!
Prezados leitores, o que
propomos aqui é uma simples reflexão de base, incipiente, e sem maiores
desdobramentos, para preparar a mente e o coração de pessoas com preconceitos infundados
predispondo-as a maiores esclarecimentos. Com efeito, se não respondermos a
certas interrogações que servem “de alicerce” e vagueiam aqui e acolá na mente
de algumas pessoas, jamais poderemos levantar nelas com solidez o restante do
edifício especulativo.
As questões aqui
apresentadas poderão parecer sem importância para católicos que partem do
pressuposto de que elas sejam evidentes em si mesmas; porém, outros, feridos
pela ignorância e pelo ensino heterodoxo que receberam, as terão como de grande
relevância. Firmemos as bases primeiríssimas de determinado aspecto da busca
pelo conhecimento e construamos a
posteriori com solidez e beleza o restante do edifício.
“Escravidão” na Bíblia
“Cristo assumiu a condição de escravo.” (Fil. 2,7)
É comum vermos filhos da
Igreja confusos perante críticas levantadas por determinadas pessoas acerca da “Escravidão
a Nossa Senhora” proposta por São
Luiz Maria Grignion de Montfort. Alguns chegam mesmo a evitar essa
expressão por medo de ao dizê-la estarem indo contra o Evangelho e com isso
cometerem um grande pecado. Afinal – comentam – a Bíblia parece desabonar essa
prática. Com efeito, está escrito:
1) “É
para sermos livres que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos
sujeiteis de novo ao jugo da escravidão.” (Gal.5,1)
2) “Alguém
pagou o preço de vosso resgate, não vos torneis escravos dos homens”. (I Cor.
7,23)
3) “Não recebeste espírito de escravidão.” (Rom.
8,15)
4) “Já
não és mais escravo, mas filho.” (Gal. 4,7)
Entre
outros textos...
Porém,
interroguemo-nos:
Que
escravidão é condenada nesses textos? A Sagrada Escritura critica todo e
qualquer tipo de escravidão? Tomemos cuidado com algumas generalizações. Algumas...
Por
exemplo, na mesma Bíblia em que se encontram aqueles versículos supracitados
podemos ler também:
1) “Escravos, obedecei aos vossos senhores
desse mundo com temor e tremor.” (Efe. 6,6)
2) “Quem era livre por ocasião do chamado de
Deus fez-se escravo de Jesus Cristo.” (I
Cor. 7,22)
3)
“Cristo
assumiu a condição de escravo.”
(Fil. 2,7)
4) “Libertados
do pecado e feitos escravos de Deus,
produzis os frutos que conduzem à santificação” (Rm. 6,22).
Vemos
aqui algo extremamente interessante: saímos
de uma escravidão para cair em outra com arroubos de felicidade... Ora, é
fato que Cristo nos libertou da escravidão da morte (Heb. 2,15); todavia, isso
não significa que não possamos ser escravos sob outros aspectos mais sublimes,
espirituais, como as cartas apostólicas nos sugerem.
Observe-se
que tratamos aqui de uma escravidão que significa total submissão espiritual àquele
que possui poder absoluto sobre todas as coisas e do qual temos a mais completa
necessidade em todos os aspectos. Exprimimos o que é espiritual em termos
espirituais (Cor. 2,13). Tomamos textos que podem ser lidos numa perspectiva
puramente histórica e o saboreamos em seu claro sentido místico; como, alias, é
de praxe ocorrer na história eclesiástica.
Virgem
do Bom Conselho, rogai por nós!
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