quinta-feira, 25 de outubro de 2012

SOBRE A "MISSA DE PAULO VI"

 S.S. Paulo VI
                                                         
Prof. Pedro Maria da Cruz

É conhecido por muitos um documento enviado ao papa Paulo VI no mesmo ano da promulgação do Novo Ordo (para alguns, “Missa de Paulo VI” ou “Missa Nova”). Referimo-nos à “Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci” (25 de setembro de 1969) onde se trata de pontos referentes à versão preliminar do que se pretendia para o Novo Rito da Santa Missa.

Comenta-se que, apesar de ter sido assinado por dois cardeais da Igreja, entre eles o Cardeal Alfredo Ottaviani (então Prefeito da atual Congregação para a Doutrina da Fé), Paulo VI nunca teria respondido a essa importante carta. Outros, por sua vez, supõem - mesmo que a meia boca - alguma manifestação do Pontífice...

É fato que posteriormente o Cardeal Ottaviani reclamou de certo uso indevido que alguns teriam feito de seus esforços:

“... De minha parte, eu lamento somente que se tenha abusado de meu nome em um sentido que eu não desejaria, pela publicação de uma carta que eu tinha dirigido ao Santo Padre sem autorizar ninguém a publicá-la.” (Cardeal Ottaviani, carta a Dom Lafondo, ordem dos cavaleiros de Notre-Dame – Notre Doctrinale sur lê Nouvel Ordo Missae – cf. La Croix, de 23 de março de 1970, confirmation; Documentation Catholique, 67, 1970, pág. 215-216 e 343)

Porém, o conteúdo do documento é interessantíssimo e já foi objeto de relações curiosas com outros textos por parte de respeitosos autores:


Ademais, a “Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci”, de fato, deixam algumas interrogações que podem muito bem nos animar na continuidade dos estudos que se referem à Reforma Litúrgica de Paulo VI.

Segue abaixo um link onde se poderá ver o Documento na íntegra a nível de curiosidade. Esperamos que todos os nossos amigos possam lê-lo com muita atenção.


 Paulo VI sucedeu ao Beato João XXIII,
 e encerrou o Concilio Vaticano II
      

CARTA DOS CARDEAIS OTTAVIANI E BACCI

Roma, 25 de setembro de 1969.

Santíssimo Padre,

Tendo cuidadosamente examinado e apresentado ao escrutínio de outros a Nova Ordenação da Missa preparada pelos especialistas do Comitê para a Implementação da Constituição da Sagrada Liturgia (Consilium ad exequendam Constitutionem de Sacra Liturgia), e após longa oração e reflexão, sentimo-nos obrigados perante Deus e Sua Santidade a apresentar as seguintes considerações:

1. O seguinte Estudo Crítico é o trabalho de um grupo seleto de bispos, teólogos, liturgistas e pastores de almas. A despeito de sua brevidade, o estudo demonstra de forma bastante clara que a Novus Ordo Missae – considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos -- representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério.

2. As razões pastorais apresentadas para justificar uma ruptura tão grave, ainda que tais razões pudessem ser sustentadas em face das considerações doutrinárias, não parecem ser suficientes. As inovações na Novus Ordo e o fato de que tudo o que possui um valor perene encontra ali apenas um lugar secundário – se é que continua a existir – poderiam muito bem transformar em certeza as suspeitas, infelizmente já dominantes em muitos círculos, de que as verdades que sempre foram objeto de crença pelos cristãos podem ser alteradas ou ignoradas sem infidelidade ao sagrado depósito da doutrina ao qual a fé católica está para sempre ligada. As reformas recentes demonstraram amplamente que novas alterações na liturgia não podem ser efetuadas sem levar à completa confusão por parte dos fiéis, os quais já demonstram sinais de relutância e um indubitável afrouxamento da fé. Entre os melhores clérigos, o resultado é uma agonizante crise de consciência, da qual um sem número de exemplos chega a nós diariamente.

3. Estamos certos, instigados pelo que ouvimos da voz dos pastores e do rebanho, de que estas considerações encontrarão eco no coração de Sua Santidade, sempre tão profundamente solícito às necessidades espirituais dos filhos da Igreja. Os sujeitos a quem uma lei se dirige sempre tiveram o direito, mais do que isto, o dever, de pedir ao legislador que ab-rogue esta lei uma vez que ela prove ser danosa. Portanto, em um momento em que a pureza da fé e a unidade da Igreja sofrem cruéis lacerações e um perigo ainda maior, diária e dolorosamente ecoado nas palavras de nosso Pai comum, nós fervorosamente rogamos a Vossa Santidade para que não nos prive da possibilidade de continuarmos a ter acesso à integridade fecunda do Missale Romanun de São Pio V, tão louvado por Sua Santidade e tão profundamente amado e venerado por todo o mundo católico.

Card. A. Ottaviani, Card A. Bacci

Para conferir o restante do documento:

http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=doutrina&artigo=20070303023113&lang=bra



Maria Santíssima, rogai por nós!

2 comentários:

Anônimo disse...

Tomemos cuidados para obedeçer a Santa Mãe Igreja, tanto o missal de Pio V e o de Paulo VI são extraordinários, o que falta é uma maior reverências dos sacerdotes ao celebrarem a Santa Missa e uma futura reforma e unificação do Rito Romano. Devemos permaneçer fiel ao Santo Padre.

Anônimo disse...

Não entrando no mérito e pormenores da questão, que é sempre delicada....
Mas é importante destacar também que o Cardeal Ottaviane referiu isto a formulação preliminar do Novos Ordus, e não na final. A propósito, segundo os autores deste texto, bem provável que as correçoes deveu-se a esta intervenção.

http://www.veritatis.com.br/apologetica/149-vaticano-ii/1039-o-que-dizer-da-qintervencao-ottavianiq