terça-feira, 23 de outubro de 2018

A ALEGRIA PARTICULAR DE NADA SER


Detive-me hoje diante de um verme da terra, coberto de lama e arrastando-se aos meus pés na poeira... e senti meus olhos encherem-se de lágrimas. Se este animal, dizia a mim mesmo, possuísse a razão e compreendesse sua humilde condição em face da minha e se consentisse em ser um simples verme e em mover-se com dificuldade e em nutrir-se da terra, por consideração a mim... parece que eu me sentiria sensibilizado: o amor deste ser insignificante comoveria meu coração e eu o amaria por minha vez.

E se, dirigindo-se a mim do fundo de sua baixeza, me dissesse: “Nada mais desejo na minha miserável existência, livremente aceita, senão vos ser agradável. Quisera nunca fazer o menor movimento que vos pudesse desagradar ou causar desgosto”. Como estimaria este humilde animal e como ficaria sensibilizado com tanto devotamento!

E se continuasse dizendo que queria ficar sempre verme, para me proporcionar a felicidade de ser sempre dotado de inteligência, de liberdade e de nobreza, que seu único prazer consistira sempre em me ver rico e feliz; como eu me inclinaria com gratidão e respeito ante esse pequeno ser tão generoso e tão esquecido de si mesmo!

Se, enfim, acrescentasse que me consagrou todo o amor de que um verme da terra, coberto de lodo, pode ser capaz e quereria aumentar e elevar este amor, fazendo que todos os seus semelhantes a ele se associassem, como o esforço desta humilde criatura me lançaria na admiração e me forçaria a amá-la por minha vez.

Ó Jesus! Lembrai-vos que este pequeno verme da terra, arrastando-se aos vosso pés, sou eu.

(Pe. José Shrijvers, Almas Confiantes, cap. X – Os Frutos do Espírito Santo, Art. II)

MARIA SEMPRE!

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