Santo Antão (251-356) |
Postado por editor do blog
Caríssimo leitor, a Quaresma é um tempo propício para piedosas reflexões. Perguntamos: o senhor aceitaria ser condenado eternamente ao inferno para salvar a alma de algum pecador, caso isso fosse possível? Aceitaria ser privado do céu para que outros (como Hitler, Mao Tse Tung, ou Lênin) pudessem gozá-lo em seu lugar?
Antes, porém, de refletirmos sobre tal assunto na hagiografia de Santo Antão, recordemo-nos que, de acordo com a doutrina católica é justo amar o pecador enquanto pessoa humana e odiá-lo enquanto fautor da iniquidade. Dito de outro modo, é correto e santo odiar o erro por ele perpetrado.
Citemos algumas palavras de Santo Tomás de Aquino:
Lenin (1870 -1924), por exemplo, causou inúmeros assassinatos e tornou-se um símbolo de crueldade. |
“(...) se pode considerar nos pecadores dois aspectos: a natureza e a culpa. Segundo a natureza que receberam de Deus, são capazes de adquirir a bem-aventurança, (...) portanto, segundo sua natureza, os pecadores devem ser amados . Porém, sua culpa desagrada a Deus, e constitui impedimento para a beatitude. De onde, em razão de sua culpa, que os torna inimigos de Deus, devem ser odiados quaisquer pecadores, ainda que sejam pai, mãe, ou parentes (...) Devemos com efeito odiar nos pecadores o fato de que são pecadores, e amar neles o fato de que são homens (...)”[1]
Dito isso, segue abaixo interessante texto para auxiliar-nos na reflexão.
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Santo Antão suplicara ao Senhor que lhe mostrasse quem era igual a ele em santidade. Deus o fizera compreender que não atingira a medida de certo sapateiro de Alexandria. Deste modo, Antão deixou o deserto, foi à casa do sapateiro e perguntou-lhe como vivia. Este respondeu-lhe que dava um terço de seus proventos à Igreja, outro terço aos pobres, e guardava o restante para si. Ora, esta obra não pareceu extraordinária a Antão que havia abandonado todos os seus bens e vivia no deserto em completa pobreza. A superioridade do sapateiro, portanto, não consistia no que havia sido dito. Ao que Antão lhe disse: “Foi o Senhor que me mandou, para ver como vives.” O humilde artesão que venerava Antão confiou-lhe pois o segredo de sua alma: “Não faço nada de especial. Somente, quando estou trabalhando, olho para todos os passantes e digo: que todos sejam salvos, ó Senhor; só eu perecerei.”[2]
MARIA SEMPRE!
[1] Santo Tomás de Aquino - Suma Teológica, IIa. IIae., a. 6
[2] CLÉMENT, Olivier. Os Místicos Cristãos dos Primeiros Séculos. Textos e comentários. Juiz de Fora: Edições Subiaco, 2003; p. 275. (este livro possui ótimas citações de autores antigos, porém cremos, Olivier Clément não é feliz em algumas das suas reflexões.)
3 comentários:
Que magnífico exemplo!
Só no catolicismo mesmo...
Maria sempre!
Busco esta santidade, mas, como é difícil!
Tenho fé, mas, aumentai a minha fé, Senhor!
Dá-me o dom de mais amá-lO a cada dia!
Que o bom Deus permita que muitas e muitas pessoas leiam este esplêndido texto!
Parabéns pelo seu excelente propósito Calos!
A santidade possui dois aspectos: Um ativo que depende do homem, e outro passivo, que depende de Deus, o qual nunca falha e sempre está pronto a nos ajudar.
Maria Sempre!
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