terça-feira, 26 de abril de 2011

A VIDA ETERNA




Por João Soares Jr.

As pessoas não deveriam morrer, nunca. Esta vida aqui na terra poderia ser eterna e saudades é um sentimento que não deveria existir, pois a presença vital de quem gostamos jamais deveria nos deixar_ desabafo íntimo.
A dor moral de perca é sempre maior do que imaginamos. Mesmo racionalmente sabendo de nossa vulnerabilidade, não há nada pior nesta vida. Sim, o pior da Vida é a morte. Quem nunca sofreu a perca de um ente querido? Quem não teme perder um ente querido? O espaço que um ser humano preenche neste mundo é único e insubstituível e, às vezes, só próximos dele podemos notar. Pena, mais ainda, quando o perdermos e fica tão notável aquela constatação por causa do vazio que ficou onde uma pessoa preenchia. A nossa humanidade barra neste drama, paradigma, limitação. Mistério? Seja o que for, há um ditado popular que diz que "há jeito pra tudo menos pra morte". Verdade, em partes.
Nossa sede de transcendência tem muitos motivos de existir, desde aquela inquietação da graça divina no homem a qual se referia Santo Agostinho: "Tu nos fizeste para ti [Senhor] e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em ti", a uma simples constatação lógica de que algo bom demais como a Vida inteligente neste planeta não fora obra do "acaso". Mas, poucas coisas nos instigam tanto à transcendência quanto a morte, ou, a vida após a morte. Diversas religiões ou filosofias têm suas maneiras próprias de dar uma resposta a este mistério, não entraremos no mérito delas, porém, apenas no cristianismo este drama fora, de fato, vencido. Cristo, mesmo sendo Deus, quisera passar pela condição humana, não escapara da morte, e que morte (a mais dramática de todos os tempos). E quando os seus ainda choravam a perca, o triunfo, Cristo Ressuscitou ao terceiro dia, num corpo glorioso! Vencera a morte.
Um piedoso sacerdote, Pe. Henrique, capelão do Carmelo em Montes Claros-MG, dissera em homilia na sexta feira da paixão que "O dia mais importante de nossa vida é o dia de nossa morte", palavras muito felizes. Para o Cristão, a morte é o começo para a Vida definitiva ou para o julgamento (Jo5,29). Não há nada mais esperado do que ir ao encontro de quem se ama. E a quem mais se deve amar? A Deus. O dia mais importante da vida é o dia da morte porque vamos ao encontro do Senhor, felizes os que estiverem preparados para se encontrar com Ele, face a face. Felizes também quem souber amar aqui aos seus enquanto estiverem presentes.

"Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos" (2Tm 1,11).

A data em que começo a escrever este texto é 23 de abril, sábado de aleluia de 2011, hoje me solidarizo em profundas condolências com uma família de amigos que ha dois dias perdera repentinamente duas entes queridas. Sábado de aleluia é conhecido também como o dia de espera, a espera da Ressurreição de Cristo que se celebra no Domingo. Percebe-se que nesta vida aqui na terra vivemos como num "constante sábado de aleluia", a espera de nos encontrarmos um dia com nossos entes que tanto amamos e que se foram desta para outra bem melhor. Mas na certeza da Ressurreição, pois o Cristo ressuscitou, como primícias dos que adormeceram (1Cor15,23-26) e nos abriu as portas para a Vida eterna. Aleluia.



FELIZ PÁSCOA!


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