quarta-feira, 22 de maio de 2019

DO QUE DEPENDE A RESTAURAÇÃO DO MUNDO?


Por Paulo Vinícius, membro da SSVM

“Eu reinarei, apesar de meus inimigos e de todos os que a isso se quiserem opor.”
(Jesus Cristo a Santa Margarida Maria, na “Autobiografia” desta, p.119)

Muitos católicos indagam, a si e a outros, do quê depende principalmente a superação da atual crise que assola implacavelmente, com pasmo e estupor, a Igreja e, em consequência, o mundo moderno. Sim, pois sendo a Igreja o verdadeiro e único eixo espiritual do mundo, detentora de todas as graças de Deus para a humanidade, todas as vicissitudes humanas, em suas origens e em suas soluções, passam de um modo misterioso por ela. Daí se segue que a atual crise do mundo moderno é uma reverberação, em última instância, da crise na Igreja moderna, e se esta Igreja passa pela sua maior crise desde sua fundação, logo se segue que o mundo moderno a acompanha no mesmo destino.

Por conseguinte, cumpre identificar precisamente qual foi a causa principal que nos jogou a todos neste abismo em que padecemos. Se nessa tarefa de identificação não obtivermos sucesso, baldadamente procuraremos o remédio acertado, assim como o médico não pode indicar o medicamento sem antes ter descoberto a origem da doença.

Algumas soluções se apresentam correntemente: a causa do nosso infortúnio seria a crise litúrgica (leia-se: o advento da reforma de Paulo VI), cumpre, portanto, retornar à celebração dos sacramentos na forma antiga; ou seria a celebração do Concílio Vaticano II (e dos documentos dele emanados), e precisamos, pois, corrigi-lo, e até mesmo cancelá-lo; ou, ainda, seria o destronamento de Cristo como rei dos Estados, e seria preciso reentronizar a Cristo nos Estados cristãos. Todas essas soluções, frise-se, são excelentes e necessárias, e nada se deve opor a que sejam efetivadas. Porém, juntamente com elas, é inolvidável que persigamos o mal moral em seu lugar embrionário: o coração do homem. É do coração do homem, este campo de batalha entre Deus e Satanás, que se originou a debacle presente, pois é dele que procedem os maus desígnios, vai dizer Nosso Senhor (Mt 15,19).

O “Novus Ordo Missae” não foi senão a culminação de um processo de traições da fé por parte dos homens da Igreja, e note-se que todos os que tiraram a Missa Tridentina do lugar em que ela sempre deveria ter estado celebravam todos os dias a... Missa Tridentina. Portanto, eles tinham já a verdadeira missa, porém esse fato sozinho não foi obstáculo para a defecção da fé em seus corações. O mesmo se diga do CVII: não bastou aos padres conciliares o conhecimento da doutrina tradicional da Igreja, posto que obnubilaram com o concílio o ensinamento sempre claro, ortodoxo e seguro da Igreja. Quanto à realeza social de Cristo, os próprios estados cristãos que soçobraram provam que é preciso que haja uma base distinta dele, e essa base se reduz, no seu mínimo, aos corações dos fiéis, onde Cristo deve primeiramente reinar. Sim, o reino de Deus está dentro de nós (Lc 17,21), e somente quando entronizarmos a Jesus Cristo como rei absoluto dos nossos corações, amando-O sobre todas as coisas e nada Lhe recusando, é que esse reino se propagará nas famílias, nas sociedades e nos estados. Qualquer mesquinhez de nossa parte nisso comprometerá, em maior ou menor medida, nossos planos de recristianização do mundo. Enquanto Cristo não dominar como Senhor absoluto do nosso coração, não poderemos dizer que nele reina, pois qual é o rei que pode reinar no mesmo reino de seus inimigos? Qual coração pode dar guarida a Cristo e a palavrões, a Cristo e a olhares adúlteros e cobiçosos, a Cristo e ao apego teimoso ao próprio modo de ver as coisas? Não sabemos nós que esse reino estará assim dividido contra si mesmo? Por isso, quanto mais afastamos o mal do pecado, engendrador de todos os erros, e abraçamos o bem da virtude, inclusive de forma heroica, como somos chamados, mais podemos esperar que Deus realize através de nós grandes coisas.

Portanto, é preciso não deixar de lutar por nossas bandeiras, sejam elas a Missa Tridentina, o Dogma da Fé ou a Realeza de Cristo, entre outras (apostolados específicos contra o aborto, a favor da modéstia, pelas famílias numerosas, pela escola católica, pela boa formação sacerdotal), mas sem olvidar o reino de Cristo em nossos corações, sendo preciso fazer aquelas coisas sem esquecer desta (Mt 23,23).  Destarte, quanto mais íntima for a nossa união com Deus, mais frutos colheremos na lida apostólica. E, por fim, se algum dia de tudo nos privarem, das nossas missas, dos nossos apostolados, dos nossos meios de ação e de tudo o mais, ainda assim, se permanecermos na caridade de Cristo, unum est necessarium, Ele poderá reinar no único reino que ninguém poderá arrebatar-Lhe: o nosso coração. (Jo 10,27)


"Eu reinarei, apesar de meus inimigos e de todos os que a isso se quiserem opor." (Jesus Cristo a Santa Margarida Maria, na "Autobiografia" desta, p. 119)


MARIA SEMPRE!

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