quarta-feira, 9 de março de 2011

SÓCRATES E JESUS CRISTO



Transcendência da revelação cristã
     “Nossa doutrina revela-se a superior a qualquer doutrina humana, porque temos o Logos inteiro em Cristo”... Tudo o que os filósofos e legisladores exprimiram e descobriram de certo devem-no ao que encontraram e contemplaram parcialmente no Logos. Contudo, não tendo conhecido a totalidade do Logos, que é Cristo, muitas vezes eles mesmos contradisseram-se. Os que viveram antes de Cristo, e procuraram contemplar as coisas e transmiti-las segundo o logos humano, foram postos na prisão como ímpios e sacrílegos. Sócrates, que se aplicou a isso com maior ardor que ninguém, viu caírem sobre ele às mesmas acusações dirigidas a nós. Dizia-se que introduzia divindades novas e não acreditava nos deuses reconhecidos na cidade. Expulsando dela Homero e ou outros poetas, que ele ensinava os homens a se desviar das falsas divindades... e os exortava a descobrir o Deus que ignoravam, por meio da busca da razão (logos). “Encontrar o Pai e artífice do universo não é fácil, dizia, e para quem o encontrou revelá-lo a todos não é prudente”. Foi o que fez nosso Cristo (ou seja, revelá-lo a todos) por seu próprio poder. Porque ninguém acreditou em Sócrates a ponto de morrer por sua doutrina, mas Cristo, que Sócrates conheceu parcialmente – ele era de fato o Logos presente em tudo... -, foi acreditado não somente pelos filósofos e letrados, mas pelos artesãos e pelos piores ignorantes, que desprezaram a opinião, o temor e a morte, pois ele é o Poder inexprimível do Pai, e não uma produção do logos humano.
      Não é que os ensinamentos de Platão sejam estranhos a Cristo, mas não são semelhantes em tudo, bem como os dos outros, estóicos, poetas e escritores. Cada um deles, na verdade, quando via parcialmente aquilo do Logos divino disseminado (no mundo) se assemelhava a si, falou, sim; porem, contradizendo-se sobre coisas essenciais, mostram que não possuem uma ciência superior, nem um saber irrefutável... Pois uma coisa é a semente e a imitação (da verdade), dada segundo a capacidade (humana), e outra, o próprio objeto do qual há participação e imitação (a saber: a verdade que é Cristo) por graça ( divina).

Fonte: Apologia II, 10 e 13. Retirado do livro: Os padres da Igreja, de Jacques Liébaert, pág,52. Ed. Loyola.

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