quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A LEITURA DA SAGRADA ESCRITURA

A Bíblia deve ser lida sob orientação,
 sob o legítimo magistério da Igreja

Por Alba Cañizares Nascimento.

"A Igreja Católica, bem diversamente do que propagam ignorantes ou mal intencionados, não proíbe a leitura da Bíblia. Ao ContrárioA Igreja a quer conhecida em sua divina beleza e verdade. Recomenda-a insistentemente.¹Aconselha a leitura benéfica das Santas Escrituras: Quem não quiser ouvi-la seja considerado como um pagão (Mat. 18,17).

Já S. Jerônimo considerava tão útil a lição das Escrituras, que até as meninas de tenra idade a aconselhava com empenho. Relativamente à educação de Sta. Paula, ainda criança, diz: 
"Aprenda primeiramente o Saltério. Sejam estes os cânticos com que se divirta o seu ânimo. Tire dos provérbios de Salomão os preceitos de bem viver. Acostuma-se a desprezar o mundo pela lição do Eclesiastes. Sirva-lhe o livro de Jó de exemplo de virtude e paciência. Depois passe a ler os Evangelhos, os quais nunca lhe devem sair das mãos, e beba com toda a apetência de seu espírito os Atos e Cartas dos Apóstolos."

O que a Igreja veda é a leitura de traduções não autorizadas do maior livro da história, traduções descriteriosas em que se acha prejudicada a altíssima doutrina religiosa e moral dos Oráculos Messiânicos.É preciso esclarecerA Bíblia deve ser lida sob orientação, sob o legítimo magistério da Igreja, dada a dificuldade e a transcendência das Sagradas Letras. Há necessidade de guia seguro para a devida compreensão do seu texto.

'A Bíblia, em seu profundo sentido, em suas graves lições sobre as mais altas questões da filosofia e da religião, em sua complexa dogmática, em sua moral sublime, em sua remontada poesia, fica, quantas vezes, inacessível aos espíritos desprevenidos, aos não iniciados em sua magnitude e em sua beleza.'

São Jerônimo (347-420)
 foi o principal responsável
 pela tradução da bíblia para o latim
A obra bíblica foi escrita por gênios. Os gênios têm altitude conceptual e sentimental a que não alcança a vulgaridade. Assim, mesmo os trechos que parecem mais simples não apresentam fácil exegese. 

Quanto à parte propriamente profética, no concernente à revelação divina, cresce a complexidade. Os profetas videntes da Perfeição, artistas e santos, cujo ideal de vida pura foi o mais alto que conheceu o homem ficam em sua divina linguagem ininteligíveis à mediocridade. Em muitos livros das Sagradas Escrituras usam os profetas linguagem simbólica, hiperbólica ou tropológica cujo sentido profundo, velado por grandiosas imagens, fica inextricável aos leigos. As visões proféticas são por vezes altas demais para olhos comuns. Para alcançá-las há necessidade das lentes esclarecedoras dos sábios doutores da Igreja, dum hebraísta como S. Jerônimo, o maior exegeta das Escrituras, cujo receio de errar quanto à interpretativa escriturística era tal que, a tremer, se aproximava das Sagradas Letras _ Como se ouvisse as trombetas do Juízo Eterno..."



MARIA SEMPRE!



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1 - Não somente a Igreja recomenda a leitura da Bíblia, como ainda concede indulgências a todos aqueles que durante ao menos um quarto de horas lerem alguns trechos dos Evangelhos (Concessão do Papa Leão XIII).

Fonte: Excerto do Livro Introdução à Bíblia Sagrada, de Alba Canizares Nascimentos, 1936, págs. 50-51. Nihil Obstat: Rio, 08 de Maio de 1936. Padre João Baptista de Siqueira.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

REFLEXÃO: O QUE É MESMO PERDOAR?


"Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celeste vos perdoará!" Mt 6,14

Por editores do blog


À diferença do ressentimento produzido por certas ofensas, o perdão não é um sentimento. Perdoar não equivale a deixar de sentir. Há quem se considere incapaz de perdoar certos agravos porque não pode eliminar seus efeitos: não pode deixar de experimentar a ferida, nem o ódio, nem o desejo de vingança. Daqui podem derivar complicações no âmbito da consciência moral, especialmente se se tem em conta que Deus espera que perdoemos para que Ele nos perdoe (Mt 6,12).

Olhai por vós mesmos.E, se teu irmão pecar contra ti,repreende-o, 
e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Lc 17,3
A incapacidade de deixar de sentir o ressentimento, no nível emocional, pode ser, efetivamente, insuperável, ao menos a curto prazo. No entanto, se se compreende que o perdão se situa num nível diferente do ressentimento, isto é, no nível da vontade, descobrir-se-á o caminho que leva à solução.

O empregado que foi despedido injustamente da empresa, o cônjuge que sofreu a infidelidade do seu consorte, os pais a quem sequestraram um filho podem decidir perdoar - apesar do sentimento adverso que experimentam necessariamente -, porque o perdão é um ato volitivo e não um ato emocional. Entender esta diferença, entre sentir uma emoção e tomar uma decisão, já é um passo importante para esclarecer o problema.

Deus que é benevolente para 
conosco e é a Sua clemência infinita
que nos dá tudo porque 
Ele tudo perdoa. São Pe. Pio
Muitas vezes na vida devemos agir no sentido inverso ao daquele que os nossos sentimentos nos marcam, e de fato o fazemos porque a nossa vontade se sobrepõe às nossas emoções (31). Por exemplo, quando sentimos desânimo por algum fracasso que tivemos na realização de uma tarefa e, ao invés de abandoná-la, nos sobrepomos e continuamos em frente até concluí-la; quando alguém implicou conosco e sentimos o impulso de agredi-lo, mas decidimos controlar-nos e ser pacientes; quando em certo momento do dia temos um acesso de preguiça e, no entanto, optamos por trabalhar. Em todos estes casos, manifesta-se a capacidade da vontade para dominar os sentimentos. O mesmo se passa quando perdoamos, apesar de emocionalmente nos sentirmos inclinados a não o fazer.

O perdão é um ato da vontade porque consiste em uma decisão. Qual é o conteúdo desta decisão? O que é decidido quando perdoo? Quando perdoo, opto por cancelar a dívida moral que o outro contraiu comigo ao ofender-me e, portanto, liberto-o enquanto devedor.

Não se trata, evidentemente, de suprimir a ofensa cometida, de eliminá-la e fazer que nunca tenha existido, porque não temos esse poder. Só Deus pode apagar a ação ofensiva e conseguir que o ofensor volte à situação em que se encontrava antes de cometê-la. Mas nós , quando perdoamos realmente, desejaríamos que o outro ficasse completamente eximido da má ação que cometeu. Por isso, “perdoar implica pedir a Deus que perdoe, pois só assim a ofensa é aniquilada” (32).


MARIA SEMPRE!


NOTAS:
(31) - “A vontade, que pode mover o entendimento no seu exercício, pode mover também despoticamente outras potências, especialmente as motrizes: pode dar ordens aos braços e às pernas, comandar a direção do olhar, o movimento da língua, as operações das mãos... Mas não lhe foi dado mover dessa maneira os apetites, sentimentos ou moções sensíveis, os quais gozam de uma certa autonomia. Cabe à vontade, com a ajuda do entendimento, exercer um governo político, persuasivo ou de convencimento sobre as tendências sensíveis do ser humano e a isso tem de circunscrever-se: quando não as pode orientar para o bem, deve transcendê-las, passar por cima delas” (Carlos Llano, Formación de la inteligencia, la voluntad e el carácter, Trillas,México,1983. pág. 142).

(32) - Leonardo Polo, Quién es el hombre?, Rialp, Madrid, 1983, pág. 140.

Fonte:
UGARTE, Francisco. Do ressentimento ao perdão. Trad.: Roberto Vidal da Silva Martins. Editora: Quadrante - 2002.Páginas: 36-38.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A MODÉSTIA CONFORME OS SANTOS E AS VIRTUDES DA SANTÍSSIMA VIRGEM

A modéstia é a virtude que regula todos os atos externos!

Por Géssika S. S. de Oliveira

Embora a modéstia seja tratada em diversos textos, muito ainda se questiona sobre como vivê-la. Surgem, graças a Deus, grupos e pessoas que aqui ou acolá se reúnem para discutir temas católicos da tradição e para difundir as verdades sempre presentes e sempre atuais na história da Igreja.

A modéstia, conforme Santo Tomás de Aquino,[é] "uma virtude que serve para refrear e moderar o apetite em matérias mais fáceis do que as da temperança, da continência, da clemência e da mansidão. Exerce o seu influxo sobre o desejo imoderado de grandezas, de saber e aprender; sobre os ademanes [maneiras] e movimentos do corpo e a maneira de vestir”[1].

Ainda segundo o Doutor Angélico, a virtude da Modéstia éO ápice da perfeição nos movimentos afetivos, cujo resultado é que todas as ações exteriores, como sejam movimentos, gestos, palavras, tom de voz, atitudes, etc, convenham ao decoro da pessoa e se acomodem às suas circunstâncias, estado e situação, de forma que nada destoe, senão que resplandeça em tudo a mais perfeita harmonia. Neste conceito se relaciona a modéstia com a amizade ou afabilidade e com a verdade (CLXVIII, 1)[2].

Casamento em rito Tridentino, atual e modesto [4].
Consequentemente, a modéstia está também ligada à forma de vestir. Neste caso, a virtude regula as afeições desmedidas aos vestidos caros e luxuosos e leva a pessoa a não fazer ostentação dos pobres. Mas, aqueles que, seguindo seus exageros e preocupados com as tendências da moda, não se atentam de buscar tal virtude, pecam contra a modéstia e também contra a castidade, e segundo Santo Tomás “são dignas de severa repreensão”[3]. 

No entanto, outro aspecto das vestes também deve ser levado em consideração. Conforme São Francisco de Sales, uma pessoa devota deveria ser a mais bem vestida de uma reunião, “mas a menos pomposa e afetada, e que fosse ornada, como se lê nos Provérbios de graça, de decência e dignidade”[5].

Portar-se modestamente é, também, um ato de caridade que fazemos ao nosso irmão. São Francisco de Sales nos admoesta queÉ um desprezo das pessoas com quem se convive andar no meio delas com roupas que as podem desgostar; mas guarda-te cuidadosamente das vaidades e afetações, das curiosidades e das modas levianas. Observa as regras de simplicidade e modéstia, que são indubitavelmente o mais precioso ornato da beleza e a melhor escusa da fealdade[6].

Nossa Senhora, maior exemplo de modéstia!
Segundo Santo Tomás de Aquino, a humildade e a modéstia são as virtudes que vencem o vício do orgulho. Portanto, andam juntas. Uma pessoa modesta, antes de qualquer coisa é humilde. E ambas as virtudes são odiadas pelo demônio.

A Santíssima Virgem, a mais bela entre todas as mulheres, mais perfeita, mais humilde e mais casta que todas, bem viveu a modéstia. Ela é o modelo para as moças do tempo presente. Ela que, conforme São Luís Maria Grignion de Montfort, permaneceu oculta em toda a sua vida. Pois, “tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus”[7]. 
Caríssimos irmãos e irmãs, eis aí o nosso modelo.



MARIA SEMPRE!


REFERÊNCIAS:
[1] PÈGUES, R. P. Tomaz. (O.P.). A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Editora Taubaté: 1942. p. 130. 
[2] ------. ------ . p. 132 
[3] ------. ------. p. 133 
[4] Créditos da foto ao fotógrafo Renato Diniz, de Montes Claros - MG.
[5] DE SALES, São Francisco. Filoteia ou introdução à vida devota. Vozes: 2012. p. 233.
[6] ------. ------. p. 234 
[7] DE MONTFORT, São Luís Maria Grignion. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 45ª ed. Vozes: 2014. p. 19.

sábado, 5 de setembro de 2015

SOBRE VIRTUDES, PECADO E GRAÇA

As quatro virtudes naturais: Prudência, Força, Justiça e Temperança

“(...) todas as potências da alma ficaram, de certo modo, destituídas da ordem própria, pela qual naturalmente se orientavam para a virtude” 

Por editores do blog
“'O perfil do pecador é descrito com traços nítidos por Santo Tomás. O pecado é ‘corruptio naturalis boni’. É ‘a desviação da tendência à virtude que brota necessariamente da Natureza Racional.’

O pecado limitou os dons naturais do homem
‘A corrupção do bem natural, por desordenar-se a natureza humana pela não sujeição da vontade a Deus; pois, desaparecida esta ordem, há de por consequência ficar desordenada a natureza toda do homem pecador.’ 

‘Pela justiça original, a razão continha perfeitamente as potências inferiores da alma, sendo ela mesma aperfeiçoada por Deus, a quem estava sujeita. Ora, essa justiça original perdeu-se pelo pecado do primeiro pai, como já dissemos. Por isso, todas as potências da alma ficaram, de certo modo, destituídas da ordem própria, pela qual naturalmente se orientavam para a virtude. E essa destituição mesma se chama lesão da natureza. ’

Ora, são quatro as potências da alma capazes de serem sujeitos das virtudes, como já se disse, e são as seguintes. A razão, sujeito da prudência; a vontade, da justiça; o irascível, da fortaleza; a concupiscência, da temperança. Por onde, a lesão da ignorância consiste em a razão ter ficado privada de ordenar-se para a verdade. A da malícia, em a vontade ter ficado privada de ordenar-se para o bem. A da fraqueza, em o ter o irascível ficado privado de ordenar-se para o árduo. E, enfim, a da concupiscência em o ter a concupiscência ficado privada de ordenar-se ao prazer moderado pela razão.’

Os sete vícios capitais são disposições psíquicas contra a ordem da razão. Aquilo que é contra a ordem da Razão é contra a Natureza do Homem enquanto Homem.

- Como a Graça cura?

Quando somos curados pela Graça
reconhecemos e adoramos a Deus
Se a doença da alma é a desordem nascida da rejeição consciente ou inconsciente do fim Último verdadeiro, a cura está em restituir o acatamento ao Fim do Ser Racional, que é Deus. ‘ Amar a Deus sobre todas as coisas é de fato algo conatural ao Homem’. ‘O Homem pelas suas forças naturais pode amar a Deus mais do que a si mesmo e sobre todas as coisas’.

A Graça aumenta e fortalece a tendência natural do Homem ao seu Fim Último, Deus, e assim restitui a ordem do próprio ser para Deus. Sua mente percebe a Lei Natural, acata a Moral Natural, respeita o Direito Natural. A voz autêntica da essência humana é atendida. A sabedoria carnal e diabólica é rejeitada. O espírito deiforme é construído pela aceitação da Graça, que refaz a imagem e semelhança d´Aquele que o criou.” 

FONTE: RODRIGUES, Pe. Afonso. Psicologia da Graça. São Paulo: Companhia da Jesus, 1983; p. 93-94


MARIA SEMPRE!


terça-feira, 1 de setembro de 2015

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA E O DISSOLUTO-FUTURO MÁRTIR

Santo Antônio de Pádua (1191-1231)
Por editores do Blog

Os desígnios de Deus são misteriosos. Mas é fato que Ele nunca desiste de nenhum de nós por causa de Sua infinita misericórdia. Ao longo dos tempos, Deus suscita almas santas que "servem" para santificar as outras, gerando histórias que são verdadeiros tesouros da Cristandade. Segue abaixo uma destas magníficas histórias, protagonizada por Santo Antônio de Pádua.


Relicário que guarda a 
 "bendita" língua de Santo Antônio
Sempre que encontrava na rua um certo homem de vida dissoluta, Santo Antônio de Pádua tirava o chapéu, fazia uma genuflexão e o saudava respeitosamente.
Aborrecido com a cena que assim se repetia, o crápula um dia tirou da bainha a espada e gritou para o Santo:
— Pare com essa palhaçada, ou então vou lhe mostrar a força desta arma!
Com profundo respeito, Santo Antônio respondeu:
— Glorioso mártir do Senhor, lembre-se de mim quando estiver sendo atormentado.
A resposta foi uma gargalhada, pois o comentário parecia provir de um louco. Anos depois, em viagem comercial à Palestina, foi tocado pela graça divina, converteu-se e passou a pregar a fé cristã aos sarracenos, sendo então martirizado.

Fonte: Nair Larc. - Grandes Anedotas da História-Cultrix, SP, 1977, 301 p.




MARIA SEMPRE!