terça-feira, 14 de junho de 2011

O CAVALEIRO DE DEUS


Armadura de um Cavaleiro Templario


Mesmo com todo o esforço da Igreja não foi fácil e possível acabar com toda a violência, tão arraigada nas consciências destas épocas. Por isso a Igreja, com profunda sabedoria humana, recorreu a um segundo meio: "cristianizar o emprego da força": a força só é justa quando colocada a serviço da Justiça. E daí surgiu a "Cavalaria".

O Cavaleiro é o tipo mais característico da Idade Média; o guerreiro justo e reto, comprometido com a pureza, cujo fim último não é tanto a vitória, mas o sacrifício, o sangue oferecido. A figura original do Cavaleiro guerreiro veio das tribos germânicas, e a Igreja, com paciência, transformou a investidura militar em uma espécie de "sacramento" numa cerimonia solene onde se armava um cavaleiro. Ele era para a época como que a síntese do guerreiro e do Santo.

No ano mil esta era a oração que o sacerdote fazia pelo adolescente prestes a se tornar um guerreiro:
"Ouvi, Senhor, as nossas orações e abençoai com a vossa mão majestosa esta espada que o vosso servo deseja cingir para poder defender e proteger as igrejas, as viúvas, os órfãos e todos os servos de Deus contra a crueldade dos pagãos, e para amedrontar os traidores!" (DR, vol.II, p.315).

Assim descreve Daniel Rops:
"O cavaleiro era um soldado a cavalo, mas um homem de princípios morais que ele se comprometia por juramento a defender. Devia ser corajoso, nunca recuar, e enfrentar o inimigo onde que que os seus chefes mandassem. Enfim, era um homem de fé, que combatia por Deus e que entregava a vida e a morte em suas mãos. Era fiel ao seu chefe, rigoroso no cumprimento dos deveres, odiava a mentira e olhava de frente o inimigo. Era um fiel servidor da justiça, era caridoso, dedicado à proteção dos fracos, dos clérigos, das mulheres, das crianças, e era generosos com os subordinados e mesmo com os inimigos. Era um ideal admirável que hoje já não existe."

A entrada para a cavalaria era um cerimonial minucioso, um ritual místico que fazia o candidato a sentir a sua responsabilidade diante de Deus. Diante de 12 testemunhas, cavaleiros conhecidos com uma longa túnica branca, depois de uma noite de vigília e orações, após a Missa, eles eram investidos solenemente na “Ordem da Cavalaria”, e diante do altar prestava o seu juramento. Podia-se perder a cavalaria caso não se vivesse o seu juramento.

“Ninguém nasce cavaleiro”, dizia o provérbio, e mesmo os plebeus podiam ingressar na Cavalaria pela sua coragem e dedicação. Ele concede a nobreza, e o meio de entrar na nobreza sem título é ser feito cavaleiro. São Francisco de Assis aos 20 anos quis ser Cavaleiro. Na mentalidade cristã do povo dessa época, inebriada da “cultura da força”, vencer os infiéis e pagãos era a tarefa mais piedosa de todas. Nessa consciência cristã ainda rude, a ideia do sacrifício da vida oferecida a Deus, era o máximo. Os Cavaleiros de São João (Hospitaleiros), que deixaram na Europa a sua marca na história dos hospitais, desde 1080, ajudaram os pobres e os peregrinos que iam à Terra Santa. Com Godofredo de Bulhões esses hospitais cresceram de importância.
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Livro: ‘Uma história que não é contada’
Autor: Professor Felipe Aquino.
Paginas: 230 a 231.
Editora Cleofas.

4 comentários:

Helena disse...

Tomara que Deus mandar para a igreja novos cavaleiros que possam defender as coisas certas.Sou uma visitante diária desse blog.Gosto muito do trabalho de vcs.

João S. O. disse...

Helena,
Obrigado pela sua postagem, são palavras de motivação. Conheço pessoalmente os blogueiros deste blog e em nome deles, peço-te que reze uma Ave-Maria por este apostolado de amigos.

Grande abraço, em Cristo.

*.* disse...

Caríssimos,

Apesar de nunca ter comentado nada aqui, sempre que tenho um tempo disponível dou uma lida nas postagens.

Hoje especialmente resolvir comentar pelo fato que sou apaixonado pela história das cruzadas, como todo estudante de história deveria ser.

Aproveito para convidá-los a lerem um poema que escrevi sobre a Cavalaria, se tiverem um tempo também, é esse:

http://praelio.blogspot.com/2010/01/miles-christi.html

http://praelio.blogspot.com/2010/01/miles-christi.html

Jefferson Nóbrega
Blog In Praelio
Pax et bonvs!

Thiago disse...

Rezarei como foi pedido acima.Admiro muito o trabalho de vcs.Visito toda semana o blog mas este artigo me tocou mais fundo.